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DA SEXAGÉSIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 04-8-2011.
Aos
quatro dias do mês de agosto do ano de dois mil e onze, reuniu-se, no Plenário
Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às
quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida
pelos vereadores Adeli Sell, Aldacir José Oliboni, Bernardino Vendruscolo, DJ
Cassiá, Elói Guimarães, João Carlos Nedel, Mario Fraga, Mauro Pinheiro, Nelcir
Tessaro, Nilo Santos, Paulinho Rubem Berta, Tarciso Flecha Negra e Toni
Proença. Constatada a existência de quórum, o senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os vereadores Alceu
Brasinha, Beto Moesch, Dr. Raul Torelly, Elias Vidal, Engenheiro Comassetto,
Haroldo de Souza, Helena da Ipê, Idenir Cecchim, João Antonio Dib, Luciano
Marcantônio, Maria Celeste, Mario Manfro, Mauro Zacher, Pedro Ruas, Professor
Garcia, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Waldir Canal. À MESA, foram
encaminhados: pelo vereador Alceu Brasinha, o Projeto de Lei do Legislativo nº
071/11 (Processo nº 1971/11); pelo vereador Elói Guimarães, o Projeto de Emenda
à Lei Orgânica nº 004/11 (Processo nº 2448/11); e pelo vereador João Carlos
Nedel, os Projetos de Lei do Legislativo nos 020, 108, 109, 110,
112, 113 e 114/11 (Processos nos 0820, 2570, 2571, 2572, 2586, 2588
e 2613/11, respectivamente). Do EXPEDIENTE, constaram: Comunicados do senhor
Daniel Silva Balaban, Presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação – FNDE –, emitidos no dia vinte e nove de junho do corrente; Ofício nº
679/11, do senhor José Mauro Peixoto, Chefe de Gabinete da Prefeitura de Porto
Alegre; e Ofícios do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, emitidos
nos dias doze de maio, sete, quinze, vinte, vinte e nove e trinta de junho do
corrente. Em continuidade, foi iniciado o período de COMUNICAÇÕES, hoje
destinado, nos termos do artigo 180, § 4º, do Regimento, à apresentação do
trabalho desenvolvido pela Associação Porto-Alegrense de Amor-Exigente na busca
de qualidade de vida, prevenção e recuperação da dependência química.
Compuseram a Mesa: os vereadores DJ Cassiá e Toni Proença, respectivamente 1º
Vice-Presidente e 1º Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre; a senhora
Arlete Colvara, Coordenadora Regional da Federação do Amor Exigente; e o senhor
Cláudio Lugo, representando a Associação Porto-Alegrense do Amor Exigente –
APAEX. Também, o senhor Presidente registrou a presença, neste Plenário, da
senhora Sandra Porto, representando a Secretaria Municipal de Educação. Após, o
senhor Presidente concedeu a palavra, nos termos do artigo 180, § 4º, inciso I,
ao senhor Cláudio Lugo, que se pronunciou sobre o tema em debate. Durante o
pronunciamento do senhor Cláudio Lugo, foi realizada apresentação de
audiovisual referente ao tema abordado por Sua Senhoria. Em COMUNICAÇÕES, nos
termos do artigo 180, § 4º, inciso III, do Regimento, pronunciaram-se os vereadores
Dr. Raul Torelly, João Carlos Nedel, Tarciso Flecha Negra, Aldacir José
Oliboni, Elias Vidal, Elói Guimarães e Paulinho Rubem Berta. A seguir, o senhor
Presidente concedeu a palavra, para considerações finais sobre o tema em
debate, à senhora Arlete Colvara e ao senhor Cláudio Lugo. Às quinze horas e
cinquenta e sete minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo
retomados às quinze horas e cinquenta e nove minutos, constatada a existência
de quórum. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Alceu
Brasinha, Mauro Pinheiro, João Antonio Dib, este pelo Governo, e Aldacir José Oliboni,
este pela oposição. Em prosseguimento, constatada a existência de quórum
deliberativo, foi aprovado Requerimento verbal formulado pelos vereadores Mauro
Zacher, Bernardino Vendruscolo e Beto Moesch, solicitando alteração na ordem
dos trabalhos. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os
Projetos de Lei do Legislativo nos 195/10 e 047/11; em 2ª Sessão, os
Projetos de Lei do Executivo nos 026, 027 e 025/11, este discutido
pelos vereadores Mario Fraga, Mauro Pinheiro e Aldacir José Oliboni. Ainda, o vereador Reginaldo Pujol
pronunciou-se durante o período de Pauta. Em GRANDE EXPEDIENTE, pronunciaram-se
os vereadores Bernardino Vendruscolo e Beto Moesch. Às dezessete horas e
onze minutos, nada mais havendo a tratar, o senhor Presidente declarou
encerrados os trabalhos, convocando os senhores vereadores para a Sessão
Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram
presididos pelos vereadores DJ Cassiá e Toni Proença e secretariados pelo
vereador Toni Proença. Do que foi lavrada a presente Ata, que, após distribuída
e aprovada, será assinada pelo senhor 1º Secretário e pela senhora Presidenta.
O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Passamos às
Hoje este período é
destinado a tratar de um tema específico: Amor Exigente. Convidamos para compor
a Mesa o Sr. Cláudio Lugo, representante da Associação Porto-Alegrense do Amor
Exigente, a Apaex; a Srª Arlete Colvara, Coordenadora Regional da Federação do
Amor Exigente.
Quero registrar a
presença da Srª Sandra Porto, representante da Secretaria Municipal de
Educação. Seja bem-vinda. Obrigado pela sua presença.
O Sr. Cláudio Lugo,
representante da Associação Porto-Alegrense do Amor Exigente, está com a
palavra.
O SR. CLÁUDIO LUGO: Boa-tarde, senhoras e
senhores; Sr. Presidente da Mesa, Ver. Cassiá, em seu nome cumprimento os
demais Vereadores presentes, nossos dignos representantes; cumprimento também
os cidadãos nas galerias e em especial saúdo os nossos colegas do movimento
Amor Exigente, de Porto Alegre, voluntários aqui presentes, já nos
identificando e lembrando o nosso tradicional cumprimento: como vai você?
(Dirigindo-se às galerias.)
(Manifestações nas
galerias: “Cada vez melhor!”)
O SR. CLÁUDIO LUGO: (Dirigindo-se às
galerias.) E que dia é hoje?
(Manifestações nas
galerias: “Primeiro dia de minha volta à vida!”)
O SR. CLÁUDIO
LUGO: Esta
é uma forma positiva de nos saudarmos no nosso movimento, que é baseado na
autoajuda e já prepara os nossos sentidos, os nossos sentimentos, os nossos
pensamentos para vivermos, a cada momento, cada vez melhor. (Projeção de eslaides.)
Citado aqui neste primeiro eslaide, eu consto como
membro da Coordenação Regional da Federação de Amor Exigente, Regional Porto
Alegre/Sul, e como Presidente da Associação Porto-Alegrense do Amor Exigente.
Nós próximos eslaides, eu procurarei qualificar melhor.
A notícia que eu lhes
trago é a existência de um movimento que cuida da qualidade de vida, que faz
prevenção a perdas, mais frequentemente usado na prevenção, no apoio ao
tratamento e na prevenção de recaída da dependência química. Esse movimento
teve inspiração em profissionais norte-americanos, em 1974 foi editado o
primeiro livro nos Estados Unidos, e, dez anos depois, já havia um livro em
português, e o movimento começava em Campinas, São Paulo. Em 1988, quatro anos
depois, é criado o primeiro grupo em Porto Alegre. O Amor Exigente funciona,
principalmente, na modalidade de grupos que se formam espontaneamente por
pessoas que fazem treinamento ou por pessoas que frequentam o grupo e que, por
necessidade de apoio, com o passar do tempo, por gratidão, por experiência de
vida, por dever de cidadania, permanecem no grupo. Em 1996, quando já havia em
torno de 240 grupos no Brasil, foi criada a Federação de Amor Exigente, que é a
detentora, proprietária desse programa. No mesmo ano foi criada uma Coordenação
Regional em Porto Alegre, para o Rio Grande do Sul, que funciona como um
conselho de profissão: verifica a ética, autoriza funcionamento de grupos, atua
na correção, quando necessário, de modo que o movimento se mantenha íntegro. A
nossa Associação, como pessoa jurídica, é oriunda daquele primeiro grupo de
1988, o Grupo Esperança, que ainda hoje funciona, é membro e foi quem deu origem
à nossa Fundação, que é pessoa jurídica desde 1981.
Para os senhores
terem uma pequena ideia de como esse movimento cresceu baseado na necessidade
das comunidades, hoje o Amor Exigente, a partir do Brasil, está em cinco países
da América Latina. Além do Brasil, temos Uruguai, Argentina, Peru e Paraguai.
Já estamos em 23 Estados da Federação. Existem 85 dessas Coordenações Regionais
que funcionam como um conselho. No Brasil, já ultrapassa 600 grupos oficiais
cadastrados na Federação. E no nosso Estado temos 125 grupos funcionando em 85
cidades. Para termos uma ideia, no Brasil, as estatísticas internas do
movimento mostram que 25 mil pessoas ocupam cadeiras semanalmente nas reuniões
do Amor Exigente. Vinte e cinco mil pessoas se beneficiam do trabalho desse
programa. E, aqui na nossa Cidade, nosso foco mais próximo, nós já temos 21
grupos de Amor Exigente no perímetro de Porto Alegre. Aqui, nas nossas
estatísticas oficiais, mil pessoas tomam assento nas reuniões semanalmente. São
reuniões de duas horas que funcionam baseadas no estudo, na reflexão da
utilização do benefício do material estudado e na colocação de metas para
atingir objetivos. Quem vai a um grupo de Amor Exigente é porque tem sonhos,
desejos, planos, objetivos a alcançar ou problemas a resolver. Tudo isso se
reduz a objetivos que a metodologia do programa procura levar a pessoa a
alcançar.
Além do trabalho dos
grupos de Amor Exigente, nós já temos três escolas utilizando rotineiramente a
metodologia do Amor Exigente: ou como tema transversal no seu plano pedagógico,
ou como matéria específica. Nós temos um outro trabalho que se faz
continuamente a pedido de empresas, de escolas, de associações: palestras,
cursos abertos à população, visando à prevenção de problemas. Hoje o que mais
nos pedem é prevenção à dependência química, uma epidemia que, realmente,
apavora as famílias. Fazemos estandes em shoppings e feiras –
vamos mostrar fotografias rapidamente (Mostra fotografias.) –, manifestações
cívicas, caminhadas, como a Caminhada pela Vida, comparecemos com estandes no
Brique da Redenção, no Shopping Praia de Belas, na Rua da Praia Shopping;
enfim, sempre que nos abrem um espaço, lá está o Amor Exigente dando informação
ao público e se fazendo presente.
O treinamento e a
formação interna são fundamentais. Os nossos voluntários dispõem, aqui em Porto
Alegre, de pelo dois cursos oficiais da Federação, um em cada semestre do ano,
sem falar dos seminários regionais e outras promoções. Também o Amor Exigente
realiza treinamentos nacionais, com sede em São Paulo; acolhem em torno de 300,
500 pessoas de todos os lugares do Brasil no local de treinamento da Federação,
próximo de Moji Mirim, em São Paulo. Nós vamos ver fotografias, rapidamente,
dos nossos congressos nacionais e internacionais. Este ano, o congresso
alcançou um número expressivo: duas mil pessoas presentes. Tivemos a honra de
ter a presença de um dos nossos Vereadores no X Congresso Nacional e II
Internacional de Amor Exigente.
Se nos perguntarem
“Mas o que quer esse Amor Exigente?”, respondemos: oferecer um programa, uma
metodologia que promova a transformação e o crescimento integral da pessoa,
vendo o ser humano como um ser biopsicossocioespiritual, com saúde nessas
quatro dimensões, através de mudanças no estilo de vida - apenas comportamentos
-, o que torna factível, viável e de fácil assimilação por qualquer um, levando
essas pessoas a vencerem suas próprias limitações, tornando-as algo maior que a
sua própria individualidade, ou seja, falamos dos compromissos com Deus e com a
sociedade; aumentar a sua qualidade de vida, tornando-a melhor naquilo que ela
já é. Ninguém precisa se transformar em outra pessoa, em outra coisa, mas
simplesmente se tornar melhor naquilo que já é, nos papéis que representa.
Quando o Amor
Exigente começou, naqueles idos da década do 70, o primeiro apelo ao Amor
Exigente era também a epidemia de dependência química nos Estados Unidos. O
foco inicial do programa, o que foi lançado na própria literatura, era apoiar
famílias que não sabiam o que fazer com seus dependentes químicos. Então, ele
trabalhou durante 15 anos na dependência química, na dependência social, em
outras dependências da personalidade, como mentir, comer demais, roubar, ou
seja, em todas as dependências que prejudicam a qualidade de vida do ser humano,
na reinserção social, com sobriedade, de um dependente químico oriundo de
tratamento, pois nós sabemos que existem as famosas recaídas, trata-se de uma
doença recidivante. Então, o método do Amor Exigente, através de
comportamentos, estilos de vida saudáveis, promove essa reinserção social, não
garantindo, porque ninguém garante nada, o ser humano é livre, faz o que quer
da sua vida, no entanto ele tem ali um método disponível para manter a sua
sobriedade e a sua qualidade de vida, que é o que nós temos no último item: a
prevenção da recaída.
Agora, de 15 anos
para cá, o Amor Exigente vem sendo cobrado por quais pessoas? Pelas próprias
pessoas, pelas famílias que continuam como voluntárias no Amor Exigente, por
pessoas que dizem: “O que seria da minha família se eu tivesse conhecido o Amor
Exigente há 10, 15 anos? Não teríamos passado pelo que passamos, não teríamos
tido as perdas que tivemos! Por que o Amor Exigente não atua mais fortemente na
prevenção primária?” - na prevenção universal, aquela voltada para quem ainda
não apresenta nenhum desvio de conduta, nenhum problema a ser corrigido. “Por
que não atua mais em prevenir para que não aconteça, por que não chegar antes?”
Então, de 15 anos para cá, o Amor Exigente tem avançado na prevenção primária, ali
denominada universal, com este sentido: não é para grupos específicos de
pessoas que já apresentam problemas ou que estão em condições de risco, é para
todos. Todos nós estamos suscetíveis a ter um familiar nosso envolvido com as
drogas - seja por diletantismo, brincadeira, desaviso ou inocência - e a
desenvolver a doença.
Também: aumento da
qualidade de vida integral, apoio à família e à escola. Afinal, o ser humano,
do seu nascimento até atingir a sua autonomia, é educado, e é educado por quem?
Ele vai ser fruto, sim, da educação que receber. E a sociedade que vivemos hoje
o que é? É o fruto da educação que foi dada aos nossos filhos, a nós, quando
filhos. Nós somos o fruto da nossa educação. Então, educar é tarefa da família
num primeiro instante; num segundo momento, junto com a família, é da escola.
Se vamos falar em prevenção, temos que falar nas duas instituições: família e
escola. Se fôssemos questionar a Amor Exigente, perguntaríamos: “Isso aí é uma
seita? O que é isso que foi criado?” O Amor Exigente é um programa técnico,
cognitivo e comportamental, de fácil assimilação e uso por qualquer um que
assim o queira. Não há profissionais específicos.
Amor Exigente é algo
que se aprende, e ele é independente como movimento; não tem nenhum vínculo com
nenhuma seita, associação, religião, instituição, ordem, não tem patrocinador.
Nós, os próprios voluntários, asseguramos a sobrevivência do movimento através
do nosso próprio trabalho. Ele é, portanto, de direito privado, é particular,
de propriedade da Federação Brasileira de Amor Exigente. Aberto, sempre em
desenvolvimento, acompanha as necessidades das comunidades, das sociedades em
que está inserido. O Amor Exigente é um programa vivo, que cresce, sendo
adicionado a ele todos os novos posicionamentos definitivos da ciência, da
Organização Mundial da Saúde, principalmente dessa área da psicologia, da
sociologia e da psiquiatria. Pluralista quanto às religiões, o Amor Exigente
abre suas portas para todas as religiões, porque ele não tem uma religião.
Trabalhamos com Deus, com espiritualidade, aquilo que une a todos. As religiões
que normalmente separam as pessoas não é assunto conversado dentro do Amor
Exigente. Ele é isento de qualquer preconceito: de etnia, de cor; de condição
econômica, social; com poder, sem poder; precisando ou não precisando - todos
são bem-vindos ao Amor Exigente.
O Amor Exigente não
tem fins lucrativos. Não é um comércio e não é um negócio. Por excelência, as
pessoas que trabalham no Amor Exigente são pessoas que se propõem a dar o seu
tempo, inclusive, seu dinheiro, a sua roupa, a sua saúde, em prol de um
trabalho em benefício da sociedade, voluntariamente. Leigo e gratuito: as
pessoas que se dirigem ao Amor Exigente não têm nada a pagar, só terão a
receber. Eu já disse que o Amor Exigente é um programa
cognitivo-comportamental. Lá se tem acesso a uma informação nova e se analisa:
“Em que e em quais comportamentos pode ajudar na minha modificação, no meu
crescimento pessoal?” Então, os nossos problemas, os nossos sonhos, os nossos
planos, os nossos objetivos são reduzidos a mudanças comportamentais, a novas
atitudes, mais indicadas, mais adequadas, mais saudáveis, enfim, em função do
objetivo de cada um. O Amor Exigente está estruturado em princípios básicos de
reflexão e ação, que vão promover as mudanças, e princípios éticos, porque, sem
ética, realmente, nós estamos num barco furado.
O Grupo de Apoio de
Amor Exigente é o local onde se reúnem essas pessoas semanalmente, por duas
horas, para estudar o Programa Amor Exigente, reafirmar seus objetivos,
analisar as suas metas, ver como estão conseguindo passo a passo alcançar seus
objetivos. Muitas vezes, o objetivo é resolver um problema, mas muitas vezes as
famílias nos procuram porque têm um familiar dependente químico, estão
enlouquecidos, a família se desestruturando, já está cada um saindo por uma
porta, e ninguém consegue ajudar esse familiar doente, e o grande objetivo
dessa família, depois eles vão descobrir, não é exatamente a recuperação de seu
dependente, mas é fazer aquele núcleo funcionar como família, cada um funcionar
como cidadão, ocupar o seu papel, saber dos seus limites e do seu poder de
atuação, assumir a sua responsabilidade. Com isso, aquele familiar também
começa a funcionar como membro de uma família harmônica.
Vivemos numa
sociedade que hoje treme diante – e parece que não tem resposta imediata – da
epidemia da dependência química, dos desvios de conduta, da violência, da
gravidez precoce, do abandono da escola, da falta de valores, pelo menos dos
saudáveis, da falta de compromisso com o futuro, da falta de compromisso com a
sociedade. O Amor Exigente forma uma grande rede de pessoas com ideais
saudáveis em comum, trabalhando em mútua ajuda. Nós nos reunimos para nos
apoiar e para nos sentirmos mais fortes. É um programa de quê? De informação e
orientação sobre qualidade de vida para a prevenção de dependências - como já
disse, não só de dependência de produtos químicos, mas de dependência de
comportamentos, de pensamentos -; de apoio a professores, pais, adultos, adolescentes
e crianças, para que alcancem as mudanças que precisam para o seu sucesso. O
programa leva a pessoa a agir em vez de só falar - o Amor Exigente não é um
programa de consolação, não é um programa para onde você vai simplesmente para
rezar, para pedir e ficar esperando por uma graça; não, é para você fazer, é um
programa mais de ação do que de falação. É um programa que desencoraja todo
tipo de violência - subliminar, explícita, verbal -, porque existem formas
humanas civilizadas de se solucionarem problemas. Nada de agressividade!
Encoraja. O trabalho é em conjunto, de um membro da família com os outros,
dessa família com outras e com a escola, ou seja, a cooperação comunitária e
familiar.
Este programa visa
também unir as famílias que estão muito afastadas das escolas, com os seus
parceiros de Educação, para cuidar do maior capital de que um país dispõe, que
é o seu povo, as pessoas, essa infância que está aqui hoje, que nós temos que
preparar para o mundo que queremos que o Brasil venha a ser, que o planeta
venha a ser. Isto está nas nossas mãos: a Educação que estamos dando a eles
hoje. Resgate da dignidade, tanto da pessoa como das funções, dos papéis e das
instituições família e escola; resgate da cidadania, o desenvolvimento do que
seja essa cidadania; harmonização das relações das pessoas entre si, dentro de
casa, na sociedade, no trabalho, na escola, em todo lugar; espiritualidade e
integridade moral e ética. É um programa de mudanças, sim, objetivando o quê? O
sucesso pessoal e o atingimento da felicidade de cada um, que é, no fundo, o
nosso grande objetivo nesta vida.
Apenas para noticiar
aos senhores, o Amor Exigente não é uma invençãozinha que saiu de repente da
cabeça de um; o Amor Exigente é uma grande cadeia de pessoas, de profissionais
de todas as especializações, unidos, trabalhando e estudando essas questões dos
males que ameaçam a sociedade. Então, nós temos um conjunto de livros básicos
que eu apresento aos senhores. “O que é Amor Exigente?” é o livro básico de
introdução, companheiro obrigatório. O segundo livro traz uma grande
experiência de um pai e professor, simultaneamente. O uso feliz do Amor
Exigente e a sua experiência, ao longo de anos, dando aula em São Paulo, no
Colégio Objetivo, com seus alunos, e em casa com sua família. Muito
ensinamento! Também temos um livro de espiritualidade, que não é um livro de
religião, mas, sim, daquilo que nos une a todos e a prática do bem. “Só por
hoje Amor Exigente” é um outro livro muito próximo do modelo norte-americano,
um livro bastante exigente, pega pesado, bastante duro, um livro muito bom! O
livro de capa amarela, “Prevenção com Amor Exigente antes que coisas ruins
aconteçam”, é um livro básico para o trabalho de prevenção na escola e na
família, é mais usado na família. O livro de capa azul, “Amor Exigente para
professores: prevenção na escola”, é dedicado ao ambiente escolar, todo escrito
na linguagem pedagógica, de fácil compreensão e assimilação pelos professores.
E nós, gaúchos,
estamos de fora? Não, nós estamos dentro. Nós temos livros no Rio Grande do
Sul: “Aprendendo com os animais”, “Maria Cegonha: ah, se eu fosse você!” e
“Família, alicerce da sociedade”, uma experiência de uma assistente social,
terapeuta de família. São livros que trazem não apenas teorias, mas relatos de
casos e de experiências acontecidos. Nesses dois sites, que estão disponíveis pelo nome de Amor Exigente, o da Apaex
e o da Federação, existe material farto, disponível e acesso a apostilas,
porque, além dos livros, para um público de menos condições financeiras, a
gente disponibiliza fascículos de 10, 12, 14 páginas por mês, para que as
pessoas possam estudar e acompanhar o material das reuniões.
Rapidamente, eu quero
apresentá-los aos títulos principais desses princípios básicos de reflexão e
ação que compõem o Programa Exigente. Quando nós vamos fazer uma reflexão a
respeito de problemas que nos atingem, o primeiro princípio me lembra que os
problemas que atingem a família e a escola são provenientes do modo atual de
pensar, do modo como se vive, posso dizer que, em grande parte, inconsequente,
irrefletido. Então, analisando a origem dos nossos problemas, se fizermos
pequenas mudanças no nosso modo de analisar e observar o mundo à nossa volta,
separando o que é bom e o que é benéfico daquilo a que eu não devo nem dar
bola, passaremos a trilhar um caminho de maior qualidade de vida e de maior
segurança.
O segundo princípio
nos lembra que nós somos gente. O pai é gente, mãe é gente, filho é gente,
professor é gente, o patrão é gente, o empregado é gente. Nós não nascemos
prontos, nós somos seres de realização, nós nos desenvolvemos ao longo de toda
a vida, estamos sempre aprendendo, e, pelo fato de não termos nascido sabendo,
quando nos deparamos com um problema, o mais provável é que não saibamos a
solução dele. Esse princípio nos mostra como buscar o conhecimento e a
informação para identificar problema e solução.
O terceiro princípio
diz que os recursos são limitados. Isso nós sabemos bem. A maioria esmagadora
do povo brasileiro sabe como os recursos são limitados, no entanto o que ele
nos propõe? O uso de criatividade. Muitas vezes, pensamos que estamos sendo
limitados, mas não, aquilo é um direito do outro, direito que eu não posso
usurpar, é uma lei que tem que ser obedecida, são limites impostos por uma sociedade
organizada, é aprender a lidar com a sociedade organizada e burocrática e de
modo sadio, mantendo a ética. Então, recursos limitados são uma boa lembrança
de que nós, como seres humanos também, não podemos nos agredir, não podemos
agredir o nosso corpo, as nossas emoções, os nossos sentimentos. Como gente,
nós somos sensíveis e limitados. Com isso, percebe-se o alcance das perdas que
nós poderemos ter ao nos expormos a condições de risco.
O quarto princípio
fala dos nossos papéis. Numa frase simples: pais e filhos, professores e alunos
não são iguais, porque temos papéis diferentes; não que um seja melhor que o
outro. Nós temos funções, responsabilidades, autoridade, uma diferente da
outra; em cada momento, em cada lugar a que vou, sem dúvida, exerço um papel
diferente.
Sobre o quinto
princípio: quando analisamos a nossa vida até o quarto princípio, nós nos
deparamos com muitas falhas, muitos equívocos e temos a tendência de nos sentir
culpados. Então, o quinto princípio nos propõe: troque culpa por
responsabilidade! O que você tem que sentir é um sentimento de
responsabilidade, arregaçar as mangas e começar a fazer, solucionar, colocar-se
em ação. Se a culpa me remete a aceitar uma penalidade e ficar pagando; a
responsabilidade, ao contrário, leva-me à solução.
O sexto princípio
trata do comportamento: se eu quero que as coisas mudem, devo começar por mim,
mudando de comportamento. E não posso repetir comportamentos, como fiz até
hoje, sem um questionamento prévio: que benefícios isso vai me trazer? Que
prejuízo isso pode me trazer? A que riscos estarei exposto? Que conveniência
haverá para mim e para os outros? É justo, é lícito? Vai engrandecer a mim ou a
minha comunidade? Não, então por que vou fazer isso? Senhores, lembro que, em
qualquer comportamento que tenhamos, estamos sempre sendo vistos e tomados como
exemplo por alguém. Educar pelo exemplo não é a melhor maneira: é a única!
Discursos não educam, regras não educam, normas não educam, mas o exemplo
educa. Então, comecemos por nós; se queremos ter um mundo melhor, filhos
melhores, se queremos resolver problemas, comecemos nós a dar os tais dos
exemplos saudáveis, que precisam ser copiados pelos nossos educandos. Temos que
assumir realmente um papel de mestres para termos discípulos verdadeiros.
Os princípios, a
partir do sétimo, são princípios da ação: como agir, tomada de atitude. Se eu
quero que as coisas mudem, tenho que começar mudando alguma coisa, a começar
por mim. Lembro que tomada de atitude incomoda, desacomoda, instaura uma nova
ordem. Pois bem, como fruto disso, vamos enfrentar reações contrárias,
tentativas de dissuasão, tentativas de intimidação, isolamento, tudo o que mexe
com os nossos sentimentos. Aí é a crise, a crise que normalmente sucede a uma
tomada de atitude bem pensada, bem refletida. Reparem que, para tomar uma
atitude, eu tenho seis princípios sobre os quais tenho que refletir, diante de
qualquer situação que eu esteja analisando. Crise é oportunidade de solução;
toda crise, bem administrada, tem um final feliz. A crise é um perigo? É, é o
perigo de dar certo. Então, temos que aproveitar e provocar crises, mas nos
mantermos na administração da crise. Sozinhos, nós nos sentimos fracos; é
juntos que encontramos a nossa força. Não adianta sair por aí como um Dom
Quixote, querendo mudar o mundo.
Vamos contar sempre
com o nono princípio: grupo de apoio. Nunca faça nada sozinho. Com quem mais
você pode contar? Quem mais pensa assim como você? Por quê? O que querem? Então
é um momento de união e de trabalhar junto, procurar aqueles que querem
promover as mudanças e formar aquela massa crítica suficiente para que as
mudanças tenham a maior extensão possível dos seus efeitos. E daí não é como um
tirano, um autoritário, um líder inquestionável. Não! É cada um fazendo um
pouco.
O décimo princípio é
o da cooperação: trabalhar com, e não trabalhar por, e nem fazer o outro
trabalhar por mim. Isso altera as nossas relações dentro de casa, na escola e
na sociedade. Cooperar é oportunidade de dar exemplo, de ser modelo, de
estabelecer uma relação, de criar laços e de nos unirmos, porque nos
reconhecemos com valores, com qualidades, do que provém o nosso trabalho mútuo.
Isso cria laços quase indissolúveis e nos mantém juntos em uma caminhada que é
difícil, sim, por um momento melhor, por alcançar um objetivo, quem sabe
construir aqui perto de nós um pequeno mundo melhor.
E nada -
absolutamente nada! - funciona sem ordem - daí o décimo primeiro princípio, a
exigência na disciplina. Se existem normas e existem regras, elas foram criadas
para o bem do homem, e não o homem para as regras; se houver regras erradas,
vamos mudá-las, mas vamos primeiro entender as regras atuais e vamos
cumpri-las. Se existem, é para serem cumpridas. A gente brinca, muitas vezes,
no Amor Exigente, alguns dizem: “O fulano usou droga, ele é um anormal, ele não
é normal”. Eu digo: “Olha, bem de perto, ninguém é normal”. E o que é ser
normal? Não como brincadeira, mas até com muita seriedade a gente afirma às
pessoas que é estar dentro das normas. Existem normas, você já olhou para o seu
corpo, que tem normas, normas de construir saúde? Você cuida da sua saúde?
Segue as normas da Biologia? Pelo menos, da Psicologia? Das relações
interpessoais? Se você seguir, você é normal.
Então, as pessoas, a
todo o momento, são colocadas diante de um questionamento simples e fácil de
responder, mas que serve para orientá-las, e nada disso faria sentido se não
estivéssemos fazendo tudo por amor. E aqui, quando se fala de amor, não é
aquele amor irresponsável e inconsequente, é o contrário, é o amor que ama, que
orienta, que educa pelo bem do outro, não para buscar conveniências para mim
mesmo.
Senhores, o nosso
tempo aqui não é infinito, eu sei que já estou chegando aos últimos momentos,
falarei por mais cinco minutinhos, no máximo. O que é prevenção, que é uma
coisa que nos preocupa? Muita gente cria modelos enlatados, produtos
mirabolantes, mas esquece de uma coisa básica: o outro é que terá que ser
cauteloso, cuidadoso, prevenido e consequente. Então, fazer prevenção é educar
pessoas, dando a elas condições de construírem a sua saúde integral. O ser
humano integral é um ser humano provido dessa dimensão
biopsicossocioespiritual, e temos que construir saúde em todas essas dimensões.
Não se nasce com saúde, nasce-se com vida, que será longa ou não, boa ou não,
em função da saúde que eu construir o tempo todo.
Eu tenho que estar
sempre construindo, porque, quando eu paro de cuidá-la, eu a destruo, deixo que
a saúde se acabe. Então, deve-se evitar o uso de substâncias e comportamentos
tóxicos – existem comportamentos tóxicos, sim –, substâncias psicoativas que
atuam sobre a mente, alterando o funcionamento do cérebro e muitas vezes
incapacitando quase que definitivamente uma pessoa, acabando com um futuro que
ela poderia ter. Temos que evitar ou controlar fatores de risco: nem sempre se
pode evitar fatores de risco, mas termos controle sobre ele nós podemos ter,
com toda a segurança. No tempo em que usávamos botijões de gás em casa, de vez
em quando nós trocávamos os botijões e nunca testávamos o botijão riscando um
palito de fósforo, porque, na primeira vez que colocávamos a mão naquele
botijão, já nos diziam: “Esponja com água e sabão, para ver se há algum
vazamento no fogão”. Isso é lidar com uma situação de risco, mas com todo o
cuidado, de modo a evitar o acidente fatal. E devemos maximizar fatores de
proteção. O fator de proteção existe: é o lazer saudável, o lugar por onde eu
ando, as companhias que eu escolho, as minhas atitudes, os meus pensamentos.
Cuidado com os pensamentos, porque eles se tornam comportamentos.
Então, prevenção é um
trabalho em torno disso e, para ser eficaz, deve ser feito em vários lugares -
para não dizer em todos os lugares -, em todos os momentos. Não é uma matéria
que vai fazer prevenção numa escola, mas todos os professores, de todas as
matérias, inclusive no pátio: o auxiliar de disciplina, o porteiro, o guarda
que cuida dos carros na frente. Todos fazem prevenção pelo seu próprio modelo
de vida continuada. Não é uma chuva de verão que resolve o nosso problema, precisamos
beber água o ano inteiro; temos que ter chuvas espalhadas o ano inteiro. Então,
prevenção sendo educação... Quanto tempo levamos para educar e formar um adulto
capaz, competente, autônomo? Pelo menos 20 anos de escola. Pois, então, esse é
o tempo da prevenção. Não temos que imaginar soluções fáceis como injeção na
veia ou pílula de prevenção; isso não existe, o que existe é o trabalho, o
trabalho de educar.
Quanto às drogas
lícitas, lembro que droga, aqui nessa discussão, não é apenas substância química,
muitas vezes pensamentos e comportamentos são drogas: uma droga de vida, como
muitas pessoas levam. Uma escala de valores invertida que não tem nada
pró-vida, pró-qualidade. Ao se detectar desvio de conduta, comportamento
inadequado, não saudável, tem de se possibilitar tratamento, e não se trata de
tirar uma maçã da caixa e jogá-la no lixo, mas de tratar todas o tempo todo
para que nenhuma apodreça. Estar no Amor Exigente é colocar-se à disposição de
um serviço ético, honesto, sincero à comunidade; contribuir até onde podemos,
sabendo que nossos recursos são limitados para a transformação da nossa época.
Rapidamente, quero
passar dois eslaides sobre Programa de Qualidade de Vida com Amor Exigente.
Primeiro, uma ação preventiva na escola. Os modelos que nós já temos em todo o
Brasil funcionam de maneira simples, como não poderiam deixar de ser. Simples,
porque bastam que os professores tenham contato com o Programa, absorvam as
ideias, os conceitos básicos do Programa e comecem a inseri-lo nas suas disciplinas
ao natural. Portanto, poderia entrar como um tema transversal no programa
pedagógico da escola. Aí o professor desenvolve atividades com os alunos e
trabalha sem necessidade de citar droga, sem necessidade de citar violência,
sem necessidade de citar a existência do bullying;
é um trabalho positivo, o melhor, é como tu queres que ele seja, porque o homem
se adapta. Se tu criares um clima de trocas afetivas, de harmonia, de relações
equilibradas, é assim que esse indivíduo se torna e assim ele será. Eu não
preciso espalhar drogas e mostrar que existem drogas, porque, quanto mais você
fala sobre aquilo, é aquilo que fica gravado na mente da criança, é só naquilo
que ele vai pensar.
A partir dessas
atividades baseadas em dinâmicas, grupos, músicas, danças, esporte, os alunos
levam para casa as novidades. Tem aluno que chega em casa e dá o maior susto na
mãe: “Quero ajudar a secar a louça”, “O que é isso?”, “Eu quero ajudar, quero
fazer alguma coisa”. Esse é o maior espanto hoje em dia, por incrível que
pareça. Os pais já não estão preocupados se o filho está usando droga, porque
sabem que vai usar, mas eles se preocupam quando ele apresenta uma conduta
ilibada, uma conduta elogiável, proba. Isso espanta. “Mas de onde tu tiraste
isso, estás indo a alguma igreja, te converteste?” Para ver como a gente se
descuida com a educação. Mas, paralelamente ao trabalho com os alunos, nós
temos o trabalho com os pais. A escola só precisa ceder uma sala em horário não
usado pela escola para que voluntários do Amor Exigente ou até mesmo
professores que queiram se reúnam com os pais dos alunos da mesma escola, para
que os pais levem as noções do programa para as suas casas.
Um dos resultados
colhidos com isso foi, por exemplo, o programa de prevenção na escola Divino
Mestre, em Porto Alegre, em que está como um tema transversal, não é uma
disciplina separada; é uma escola de ensino fundamental. Isso proporciona a
interdisciplinaridade com muito mais facilidade, envolvendo assim todas as
horas de conhecimento de todos os professores e muita troca entre os
professores. Os professores que, no início, estavam reticentes e medrosos,
adoram e agora querem nas suas horas de folga fazer um trabalho voluntário
junto à comunidade, fora da escola.
Há também o
fortalecimento da ação pedagógica; a redução do bullying, aquela violência gratuita e covarde do maior contra o
menor; a ampliação do diálogo na resolução de problemas, tanto entre alunos
como entre aluno e professor. Há relatos de pais sobre a ampliação da
tolerância e diálogo na família, tolerância principalmente diante das
impossibilidades, porque hoje os nossos filhos pedem tudo para nós como se
fôssemos bancos de recursos financeiros inesgotáveis, e nós nos sentimos
envergonhados quando temos que dizer: “Filho, o pai não pode, desta vez não vai
dar, quem sabe a gente compra um de menor valor”. Nós, muitas vezes, sucumbimos
a essa vaidade e passamos a viver uma vida que não é real.
Foi feito um trabalho
em que as crianças levaram doações - ajudar a quem precisa é certo e humano,
por isso nós ajudamos doando leite em pó. Eu também acho, meu amigo, que elas
necessitam da nossa ajuda e de dinheiro para ter comida e suprimentos. Logo
aqui na entrada do anfiteatro, nós temos portfólios com os trabalhos das
crianças, documentados, feitos por eles. Se houver tempo, seria fantástico dar
uma lida, porque é quase de chorar ao perceber o quanto uma criança é sensível
e é capaz de enxergar a realidade que a cerca.
Os professores, que
recebem treinamentos, aprendem a fazer novas dinâmicas, maneiras de levar os
conceitos aos alunos. A escola faz ações junto com pais e alunos. Aqui, por
exemplo, mostra o desenvolvimento de uma dinâmica para mostrar cooperação, algo
que todos podem ajudar. As atividades no setor de psicologia da escola: a partir
do estudo do sexto princípio, quando as crianças começam a escolher novas
atitudes, são feitas sempre evidentemente com a assessoria da parte
profissional.
A sustentabilidade do
movimento também se dá pela formação de mão de obra para geração de renda
própria. Na nossa Associação, a Apaex, nós temos um setor que faz artesanato;
recicla materiais descartados pela indústria tanto moveleira como de cortinas e
de roupas. Então, saem produtos lindos! E são oferecidos à venda. E quem deseja
aprender, ter um trabalho, uma profissão autônoma, vai, recebe as aulas,
trabalha junto, aprende e se torna autossuficiente. Isso foi no Shopping Praia
de Belas: durante duas semanas por ano nós ficamos no estande da
Responsabilidade Social, ocupado por ONGs, quando mostramos livros, damos
informações à população, fornecemos algum material, e também é posta à venda
toda a produção de artesanato.
Sempre que há
possibilidade de o Amor Exigente se fazer presente num ato cívico, o Amor
Exigente lá está. Nestas duas fotos tiradas no Brique da Redenção, os senhores
veem os nossos voluntários portando faixas e banners, com frases e mensagens alusivas ao evento. Aqui foi a
Caminhada pela Vida, no dia 26 de junho: “Prevenção com Amor Exigente antes que
coisas ruins aconteçam.” Oferece-se, ninguém é obrigado a aceitar; os que ficam
com curiosidade procuram, são bem recebidos. Ninguém é recebido diferentemente
no Amor Exigente. Todos são recebidos com um abraço verbal, caloroso e amoroso.
Os grupos de apoio formam grupos de 40, 70, 80, 90 pessoas que se reúnem em
qualquer local cedido gratuitamente. Por isso as pessoas vão e são atendidas
gratuitamente, sim, por outros familiares que estão lá há 4, 5, 10, 18 anos;
temos voluntários já há mais de 18 anos. Pode-se ver, neste eslaide, grupos de
apoio em um templo que foi cedido para se reunirem. Nesse momento eles estavam
fazendo uma prece.
Os treinamentos de
que falamos: fazemos, pelo menos, duas vezes, ao ano; um no primeiro semestre,
e outro no segundo, aqui em Porto Alegre, e nunca temos menos de 100, 120, 140
pessoas, é a preparação para ser voluntário dentro do Movimento Amor Exigente.
Nesses treinamentos, hoje, um terço, mais ou menos, dos alunos são professores,
professoras do 1º Grau, 2º Grau e também do Infantil. Quando as escolas nos
pedem, associações nos pedem, igrejas nos pedem uma palestra específica para
falar sobre prevenção, ou sobre dependência química, ou sobre problemas de
família, os desafios do nosso tempo, sempre lá está um voluntário do Amor
Exigente disponível para fazer uma palestra. Essa palestra, conforme o eslaide,
foi na Escola Estadual Rio Grande do Sul.
Sobre os congressos
de que falamos: o penúltimo foi no Espírito Santo, com 1.700 pessoas, no local
que pertence ao Sesc, em uma praia do Espírito Santo. Conforme eslaide, estava
falando o General Uchôa, da Senad do Gabinete da Presidência da República,
Gabinete da Segurança Institucional. Esta outra é a foto do nosso último
congresso, o X Congresso Nacional e II Internacional, foi realizado em
Guarulhos, em São Paulo, éramos em torno de duas mil pessoas.
Assim o Movimento
Amor Exigente cresce e se afirma, não em cima de propaganda, não em cima de
vendas, não em cima de convencimentos, de apelos midiáticos, mas em cima dos
resultados que as pessoas obtêm e que passam boca a boca. Nós temos algumas
frases que a gente sempre usa para lembrar, e, quando se fala em Amor Exigente,
muitas são as pessoas que dizem: “Mas vocês podiam ter escolhido uma expressão
mais simpática, né?” Ninguém gosta de ser tratado com exigência, mas, no Amor
Exigente, a exigência começa por mim, em me tornar um marido melhor, um pai
melhor, um educador melhor. É essa a exigência maior. “E o teu amor, sem
exigência, me humilha; a tua exigência, sem amor, me revolta; mas o teu amor
exigente me engrandece.”
Agradeço por este
tempo precioso, maravilhoso que foi cedido ao nosso movimento. Nós nos
colocamos à disposição dos senhores. Há um pequeno folheto circulando, e
estamos à disposição. Obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Dr.
Raul Torelly está com a palavra em Comunicações.
O SR. DR. RAUL TORELLY: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Sras Vereadoras, saúdo aqui todos os visitantes do
movimento Amor Exigente: o Cláudio, a Fabiana, do Colégio Divino Mestre. Quero
dizer que tive algum contato com o movimento, talvez, em função de ser médico
há muito tempo e de trabalhar com a questão do planejamento familiar, da
drogadição, enfim. Também tive a oportunidade de, num desses encontros, fazer
uma palestra para pessoas envolvidas com o movimento Amor Exigente ali no
bairro São Geraldo, junto da Av. Farrapos. Fiquei muito impressionado com a
maneira com que as pessoas se ajudam. A gente vê que existe um ambiente que eu
não diria que é de tratamento, mas que não deixa de ser terapêutico, no qual as
famílias se congraçam, tentando melhorar, e estão sendo proponentes de uma
terapia cognitivo-comportamental, como foi muito bem falado aqui. Na realidade,
tudo que foi falado aqui é o que todos nós queremos: qualidade de vida.
Qualidade de vida para as pessoas.
Eu, por exemplo,
trabalho muito com planejamento familiar, para que as pessoas tenham qualidade
de vida e escolham bem a sua família: que as meninas não tenham filhos que não
queiram, que as pessoas possam ter acesso às terapêuticas de planejamento
familiar, ao conhecimento, à informação. E isso é qualidade de vida também, é
evitar excesso de políticas públicas desnecessárias, é evitar a drogadição,
evitar que nós tenhamos poucas escolas, pouca segurança, enfim. Uma família bem
constituída é fundamental para que tenhamos qualidade de vida. Realmente, o
Amor Exigente demonstra que está cem por cento inserido nesse processo, naquela
questão de ajudar propositivamente as pessoas e fazer, através do voluntariado,
através do dinamismo, através da transversalidade, com que a sociedade ganhe,
com que a criança se desenvolva bem, com que a escola transmita conteúdos
realmente importantes, para que não tenhamos, ali na frente, uma criança na
rua, nas drogas.
Então, esse é um tipo
de trabalho que tem de ser necessariamente incentivado de uma maneira
permanente, não apenas – eu diria – na parte do terceiro setor; também pelas
entidades públicas, porque, na realidade, exige, muitas vezes, boa vontade da
área pública, no sentido de trazer um engrandecimento para esse tipo de ação,
para esse tipo de trabalho, para abrir portas, para facilitar que as coisas
boas efetivamente aconteçam. E a APAEX tem dado esse exemplo, e acredito que
todos nós devemos colher esse exemplo na sociedade. Eu participo do Lions
Clube, já fui Presidente do Lions, que trabalha muito com o voluntariado
também, que ajuda uma série de pessoas, não talvez com a intensidade, vamos
dizer assim, do Amor Exigente, que vai mais profundamente nas questões, através
dessa terapia cognitivo-comportamental, que perpassa o processo todo.
Nós realmente tivemos
uma tarde muito feliz aqui com a vinda de vocês, porque, na realidade, é um
reconhecimento de um trabalho importante, a cidade de Porto Alegre não pode
deixar de também - nós aqui, enquanto Vereadores, representamos a totalidade
dos cidadãos, das cidadãs da Cidade - dar visibilidade, enfim, de fazer um
reconhecimento público da Cidade para um trabalho tão bom, que ajuda tantas
pessoas e que, no final de tudo, vai trazer qualidade de vida, que é o que
todos nós queremos. Muito obrigado. Saúde para todos.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. João
Carlos Nedel está com a palavra em Comunicações.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Ilustre
Presidente, Ver. DJ Cassiá; ilustres componentes da Mesa: Sr. Cláudio Lugo,
representando a Associação Porto-Alegrense do Amor Exigente, a Apaex; Srª
Arlete Colvara, Coordenadora Regional da Federação do Amor Exigente.
Primeiramente, eu quero cumprimentar o Ver. Paulinho Rubem Berta, que nos
proporcionou essa beleza de informação e de formação também para nós,
Vereadores. Em nome da Bancada do Partido Progressista - nosso Líder, o Ver.
João Antonio Dib, o Ver. Beto Moesch e este Vereador -, cumprimento o Sr.
Cláudio Lugo e a Srª Arlete Colvara, agradecendo a presença de vocês aqui.
É tão importante o
assunto que vocês trouxeram aqui, que o nosso Líder, o Ver. João Antonio Dib,
disse que, na verdade, tudo se resume na família. E a família foi uma opção
preferencial do nosso Partido. O Partido Progressista, recentemente, se
declarou preferencialmente em defesa do fortalecimento da família. Quando se
veem, no nosso País, muitas dificuldades, vários desvios, é porque a família
precisa ser fortalecida. O Amor Exigente vem nos dar essa informação, essa
orientação, essas técnicas para realmente fortalecer a família.
Eu quero cumprimentar
todos os voluntários que aqui estão, que vieram nos visitar nesta Casa; que
venham mais seguido aqui, venham conversar com todos os Vereadores, porque nós
precisamos dessa interlocução. Parabéns, vocês todos estão ajudando a melhorar
este mundo de Deus, fiquem certos disso. Esse crédito vocês têm em favor da
humanidade, em favor do bem comum. Parabéns e muito obrigado pelo trabalho de
vocês. Acompanho o Amor Exigente através de alguns amigos, de algumas
entidades, de alguns grupos de apoio que já aplicam essas técnicas, essas
orientações. Por exemplo, a Pastoral Carcerária lá emprega essas técnicas,
essas informações do Amor Exigente. O Sérgio Borges, da Afructo, tem um grupo
de apoio que trabalha na Sagrada Família, e um membro do meu Gabinete faz parte
desse grupo de apoio, está lá todas as segundas-feiras à noite ajudando-os.
Também temos a nossa Pacto, da Arquidiocese de Porto Alegre, que usa as
informações, as técnicas do grupo de apoio.
Eu quero dizer, Sr.
Presidente, que um dos objetivos do meu mandato é realmente o fortalecimento da
família, através de três pontos: o combate e a prevenção às drogas, o cuidado
com os idosos e o fortalecimento do sacramento do matrimônio. O fortalecimento
do matrimônio fortalece a família, fortalece a criação dos filhos, e isso nós
temos que defender e estimular. Para concluir, quero agradecer a presença de
vocês e cumprimentá-los, desejando que continuem com esse trabalho, porque
vocês estão, realmente, contribuindo para a melhora da educação e para a
melhora das nossas famílias. Parabéns! Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver.
Tarciso Flecha Negra está com a palavra em Comunicações.
O SR. TARCISO FLECHA NEGRA: Sr.
Presidente, Ver. DJ Cassiá; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores.
(Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Que prazer e que alegria,
Sr. Cláudio! Parece que foram poucos minutos, mas, dentro do meu coração, foi
um tempo enorme, permitiu-me viajar ao seio da minha família; os meus pais, que
hoje já não existem, que estão lá, com Nosso Senhor maior. Eu trabalho há 17
anos com uma escolinha de futebol, e a minha escolinha não é para formar jogador
de futebol, é para a formação do cidadão, dessa criança. E tu disseste uma
coisa importantíssima, porque eu me lembro de que, aos 12, aos 9, aos 7 anos,
Ver. João Dib, eu andava colado no meu pai. A disciplina e a educação melhores
estão no seio da família, depois vem a escola, e depois, essas outras
atividades, como a que eu tenho, que é para ajudar nessa formação. Mas a gente
tem uma dificuldade muito grande, Sr. Cláudio. Eu, que trabalho voluntariamente
há 17 anos com essas crianças, por quem tenho um carinho e um amor muito grande
- por tudo o que eu ganhei do Senhor, por tudo o que a minha família me
ensinou, pelo que o futebol me ensinou, pelas andanças no mundo -, tento passar
um pouco do que ganhei para essas crianças. Mas é muito difícil se a gente não
tem o acompanhamento dos pais, fica muito difícil, porque o primeiro amor, o
primeiro carinho sai de dentro da nossa casa. Eu faço reuniões para que os pais
participem junto com seus filhos, e vejo que é muito difícil, é vinte por
cento.
Mas não estou aqui,
no momento, para falar da minha escolinha; estou aqui, no momento, para falar
desse trabalho maravilhoso, Dona Arlete, Sr. Cláudio e demais presentes. Que
trabalho maravilhoso! Olha, não tem preço! Eu, que trabalho voluntariamente com
essas crianças, que são as nossas pedras preciosas, os nossos tesouros, acho
que esse trabalho teria que ser visto pelo mundo, teria que ter um
reconhecimento, por tudo que vocês fazem pelas crianças, pelo povo, pelas
famílias. Eu estive lá, sei como é difícil, mas, quando a gente tem pessoas com
amor no coração, tem pessoas que querem dar esse carinho, esse amor, o
resultado disso tudo é um cidadão, um ser humano como este que está aqui hoje.
Esse é o resultado, que resultado lindo! Sr. Cláudio, que Deus ilumine todos
vocês, para que esse trabalho possa permanecer por muitos e muitos anos.
Obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Aldacir José Oliboni está com a palavra em
Comunicações.
O SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI: Eu queria
saudar o nosso Presidente, Ver. DJ Cassiá; os nossos convidados – o Cláudio
Lugo, representando a Associação Porto-Alegrense do Amor Exigente, e a Srª
Arlete, Coordenadora Regional da Federação do Amor Exigente –, todos os meus
colegas Vereadores, Vereadoras, todo o voluntariado que está aqui presente,
dando uma demonstração da grande ação que traz aqui essa instituição, para o
bem da nossa Cidade. Saúdo também o nosso Ver. Paulinho Rubem Berta, que, se eu
não me engano, teve a iniciativa de trazer o assunto. Gostaria de dizer que, se
não tivéssemos hoje, Lugo, as entidades ou mesmo a igreja que ajudam os
Governos, dificilmente teríamos solução de 40%, 50% dos problemas da nossa
Cidade, porque a maior parte das entidades é que fazem, pelo voluntariado, o
acolhimento dessas pessoas que têm problemas, que vão desde a drogadição até
tantos outros problemas pelos quais a sociedade, no dia a dia, é atacada.
Eu estava observando,
lentamente, os princípios que o senhor colocava para nós, e, dentre eles, está
o modo como as pessoas vivem. Estava me lembrando - como dizia o Tarciso, o
filme passa, e a gente vai lembrando - do passado, quando criança, quando não
havia televisão, muitas vezes nem lâmpada, luz. Hoje a nossa vida é muito
diferente, temos uma telinha que nos coloca valores muito diferenciados,
valores que caem na nossa família; os nossos filhos, as nossas filhas ficam
olhando e imaginando e já querem um computador, ou uma televisão de tela plana;
eles querem, sim, que todos os dias os levem para a escola. Quer dizer, a vida
mudou muito, embora, é claro, se perceba o quanto é importante a tecnologia.
Mas os valores podem modificar a estrutura familiar, como dizia aqui o Ver.
Nedel.
Se não tivermos
condições de ter alguém, de ter estrutura familiar, para orientar essas
crianças, esses jovens, esses adolescentes... Percebemos que hoje não é mais só
o pobre; também a família média enfrenta o problema da drogadição, do
envolvimento com as drogas, com o crack,
que preocupa muito. O problema atingiu a classe média, a classe alta.
Percebe-se que, muitas vezes, falta essa atenção familiar às pessoas, que, na
verdade, precisam muito de nós, porque os valores são, todo santo dia,
transmitidos de forma muito forte nesses veículos de comunicação. São veículos
que acabam, através da propaganda, induzindo o que é o melhor para o indivíduo:
o carro do ano, o último computador lançado e tantos outros valores. O pai,
como o Lugo falou há pouco, tem que tomar uma atitude e dizer que não pode dar
ao seu filho o que ele, na verdade, até merece, mas que a estrutura familiar,
naquele momento, não pode oferecer. Podemos observar que, com os valores
ofertados hoje, inclusive pelos bancos, com empréstimos consignados, com a
facilidade existente, as pessoas não percebem que aquele valor tem quem ser
também administrado.
Nós queremos dizer
que somos solidários a esta entidade, que tem um trabalho exemplar, Paulinho, e
que merece, sim, um grande prêmio pela sua ação, pela sua determinação. Também
queremos dizer ao conjunto dos cidadãos que hoje nos acompanha pela TVCâmara
que é importante termos o voluntariado presente, porque o voluntariado assume
um papel fundamental na construção de um mundo melhor, a partir do
convencimento de que Deus existe, de que as coisas têm que ser conseguidas com
disciplina, de que um dia tu podes ser muito feliz, com certeza, desde que
obedeças a um critério de honestidade, de ética, de transparência. Por isso
deixamos o nosso recado e compartilhamos esse trabalho maravilhoso. Que Deus os
abençoe! Parabenizamos vocês pelo belo trabalho apresentado. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Elias
Vidal está com a palavra em Comunicações.
(O Ver. Toni Proença
assume a presidência dos trabalhos.)
O SR. ELIAS VIDAL: Sr. Presidente, Ver.
Toni Proença; quero saudar o Sr. Cláudio Lugo, representante da Associação
Porto-Alegrense do Amor Exigente, a Apaex, e a Srª Arlete Colvara, Coordenadora
Regional da Federação do Amor Exigente. Também prestigia este encontro a Srª
Sandra Porto, representante da Secretaria Municipal de Educação. Quero saudar
os Srs. Vereadores, as Sras Vereadoras, também o público que se
encontra nesta Casa Legislativa e aqueles que nos assistem pela televisão.
De uma forma sucinta
e um tanto quanto objetiva, venho a esta tribuna, primeiramente, trazer
palavras de gratidão a todos aqueles que militam no ministério do Amor Exigente
- eu considero o movimento um ministério. Também quero parabenizar o Ver.
Paulinho Rubem Berta, que está nos proporcionando conhecer um pouco mais desse
ministério, que resgata famílias, jovens, adolescentes, adultos envolvidos com
drogas - muitas vezes, não envolvidos com drogas, mas perdidos na vida por
alguns problemas, como a separação, um problema familiar. E os ensinamentos do
Amor Exigente trazem o fundamento do equilíbrio, da paz, dando uma luz, uma
direção a essas pessoas.
Há um pouco mais de
dez anos, tive a primeira oportunidade de conhecer o Cláudio e de participar
dos trabalhos da Igreja da Rua Vigário José Ignácio. Aprendi muito contigo,
Cláudio, e com outras pessoas que já tinham, na época, muito mais experiência
do que este Vereador. Sou fundador do projeto Vida e Saúde, há muitos anos
trabalhando com recuperação de jovens drogados. Nunca usei drogas, nunca tive
problemas na família - muitos de vocês conhecem um pouquinho da minha história.
Por que acabei entrando nessa luta, nessa ação? Levei um tiro e tive a
felicidade de sair vivo. Os Vereadores aqui já ouviram muitas vezes e vão ouvir
por muito mais vezes: um jovem me assaltou, levou o meu relógio para comprar
drogas e me deu um tiro na nuca; a bala passou por cima do meu coração e saiu
pelo pulmão. Eu cheguei a cair tetraplégico, com parada, com tudo, mas o
Paizinho lá em cima disse: “Olha, Vidal, vai lá para a Terra, que aqui não é
teu lugar, tu ainda tens mais alguma coisa para fazer”. Eu fui achar alguma
coisa para fazer. E procurei, então, o Amor Exigente para aprender a fazer
aquilo que eu não sabia: trabalhar com pessoas com problemas nessa área.
Tive que ter
humildade para aprender. Tenho um profundo carinho, um profundo respeito por
todas aquelas pessoas que trabalhavam, que militavam nessa área e que me
perguntavam: “Vidal, tu usaste droga, tu tiveste algum problemas desse tipo
para fazer esse trabalho?” Eu dizia: “Nunca tive nenhum problema desse tipo”.
Mas eu acho que o Paizinho lá em cima me deu uma chance para viver, para
continuar vivo, e eu tenho que fazer alguma coisa. E aí eu tive que aprender e
aprendi muito com vocês. Venho a esta tribuna para agradecer e dizer que as
pessoas precisam ter humildade para buscar conhecimento, e um dos lugares para
ajudar a resolver os seus problemas é o Amor Exigente. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Elói
Guimarães está com a palavra em Comunicações.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Eu quero dizer que acompanhamos grande parte da exposição, feita
com brilho, com conhecimento, pelo Sr. Cláudio Lugo, tratando dos aspectos que
envolvem as grandes finalidades da presente instituição, porque é uma
instituição. É uma instituição que caminha, busca construir, volta-se para
construção do ser humano.
Conforme os
princípios estabelecidos pelo Amor Exigente e colocados por Vossa Senhoria, a
instituição busca, exatamente, a integralidade do ser humano. É muito
importante este momento que a representação da Casa vive, o que nos oportuniza
conhecer e aqui participar também dessas angústias, de todo esse processo que
se desenvolve. Uma vez que atingimos no País a democracia, e ela, também, se
desenvolvendo, temos que começar a discutir uma série de questões, uma série de
valores que constituem a própria vida das pessoas, das próprias instituições.
Ontem ainda - eu gostaria de colocar - questionávamos aqui, em solicitações às
autoridades, o tirar das ruas, principalmente à noite, os chamados moradores de
rua. Os moradores na rua sofrem com as intempéries que temos no nosso Estado,
com temperaturas que baixam de zero. Considerou-se imprescindível que
passássemos a discutir a liberdade, a questão da liberdade, os limites da
liberdade.
Há dois anos,
compareceu à Tribuna Popular, o Presidente da Associação ou dos Moradores de
Rua, que reivindicou aqui da tribuna o direito de permanecer na rua, o que
estarreceu a todos! Então, vejam bem, nós não podemos conceber que a liberdade
não tenha limites. Quais são os limites da liberdade? São aqueles que preservam
a vida. Toda ação que possa se desenvolver não pode comprometer a integridade
física. A liberdade de permanecer na rua, em dias e noites como as nossas em
Porto Alegre e em todo o Rio Grande do Sul, é avançar sobre o direito à vida da
própria pessoa, sobre a sua integridade física e o seu bem-estar. Acho que a
Associação do Amor Exigente - o tempo é curto para uma reflexão mais demorada -
é extremamente importante, é a construção do ser humano nas mais diferentes
dimensões, tanto material quanto espiritual. Vossa Senhoria, que representa a
Associação Porto-Alegrense do Amor Exigente, colocou aqui muito bem que não há parti pris, ou seja, não tem religião,
não tem Partido, não tem outros interesses, senão o interesse da integralidade
do ser humano naquilo que representa os valores que têm que ser preservados: os
valores da vida, da educação, da família, entre outros. Meus cumprimentos e
minha saudação à Associação Porto-Alegrense do Amor Exigente. Obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver.
Paulinho Rubem Berta está com a palavra em Comunicações.
O SR. PAULINHO RUBEM BERTA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, quero saudar aqui,
com muito orgulho e felicidade por tê-lo aqui, o nosso Cláudio Lugo, que fez
uma belíssima explanação usando uma linguagem que fez com que todos entendessem
claramente os objetivos da Associação Porto-Alegrense do Amor Exigente. Também
quero saudar a Srª Arlete Colvara, Coordenadora Regional da Federação do Amor
Exigente, e todos do Amor Exigente que estão aqui, também a representante da
Secretaria de Educação Municipal, a Srª Sandra Porto. Obrigado pela presença,
gostaria de tomar a liberdade e pedir à senhora que dê um abraço na Secretária,
que a Secretária nos ajude a implantar, se Deus quiser, o Amor Exigente,
através de projeto de lei, na cidade de Porto Alegre, porque é uma exigência de
Porto Alegre. Quero contar com esse apoio.
Quero agradecer, para
não cometer um erro, meu querido amigo Cláudio, a acolhida em São Paulo no
Congresso do Amor Exigente, que contou com quase 2 mil pessoas, onde muito
aprendi, e muito do que trouxe de lá, tenho certeza absoluta, levarei para o
seio da minha família, onde também aprenderemos muito. A minha família se sente
gratificada e irá trabalhar nesse sentido. Então, a todos em Guarulhos, São
Paulo, o nosso muito obrigado, com a bênção desta Casa, que nos ajudou a chegar
lá.
Aqui tivemos a fala
de diversos Vereadores, entre eles o Ver. Nedel, o Ver. Tarciso, o Ver.
Oliboni, o Ver. Elói Guimarães; todos eles vieram aqui e, pelo que eu pude deduzir –
perdoem-me se eu cometer algum erro -, enxergaram muito bem o que é o Amor
Exigente. Mas o que é o Amor Exigente, apesar de toda explanação que o Sr.
Cláudio fez aqui? Amor Exigente, na minha concepção, que estou engatinhando,
muito devagar até, é dizer: “Eu me respeito, eu me quero bem e eu vou cumprir
com aquilo que determino para a minha pessoa. Se eu me determino para o que é
bom para mim, isso tem que ser bom para a minha família, isso tem que ser bom
na minha escola, isso tem que ser bom na minha igreja, isso tem que ser bom na
minha associação comunitária”. Sou comunitário há 40 anos nesta Cidade; há 40
anos trabalho pela comunidade, sempre procurando ajudar, de alguma forma, e ser
útil às comunidades desta Cidade, mas confesso, de público, a todos aqui, que
fazia isso - continuo e continuarei fazendo - mas não tinha disciplina no que
fazia. O reconhecimento que eu vejo no Amor Exigente é me disciplinar para
poder, aí sim, estar apto a ser um comunitário, a ser um chefe de família, a
ser um bom pai, a ser um bom marido, a ser um bom dono de casa. Porque, no
momento, como foi dito aqui, respeitar a si é respeitar, Cláudio, como tu
disseste muito bem, a família. É respeitar o meu filho, mas não é só
respeitá-lo, é fazer com que o meu filho entenda que ele também tem que me
respeitar. Para eu dizer que sou um bom pai, eu também tenho que saber dizer
não! Para eu ser um bom pai, eu tenho que estar ao lado do meu filho,
respeitando e sendo respeitado por ele e, assim, na consequência, toda a
família.
Hoje, o Amor Exigente
representa - eu quero deixar bem claro - economia para este País em todos os
sentidos. Hoje, o Amor Exigente ajuda preservar a vida. O Amor Exigente ajuda
preservar recursos neste País, porque, no momento em que trabalhamos na prevenção,
estamos prevenindo qualquer tipo de patologia, qualquer tipo de drogado,
qualquer coisa, Cláudio, de utilizar um vidro de remédio, deixamos de utilizar,
lá no postinho, um médico, nós deixamos de utilizar diversas situações, e isso
traz economia ao nosso País, que pode se dedicar às causas realmente
importantes para nós. Eu estou com 55 anos, vivi a minha vida toda na periferia
de Porto Alegre, com muito orgulho, com muita dignidade, na Vila Santa Rosa e
agora no Rubem Berta. Sempre tive e obtive o respeito das pessoas, e o Amor
Exigente está me mandando fazer mais uma coisa, está me dizendo que tenho que
fazer mais uma coisa.
Desculpem-me pela
emoção, eu estou emocionado porque é fantástico o que hoje estamos fazendo
aqui, mas eu quero dizer a vocês que o Amor Exigente está exigindo que eu seja
exigente comigo, com a minha pessoa. A minha qualidade de vida vai representar,
amanhã, que meu filho seja um cidadão que tenha respeito, dignidade e cuidado
com ele próprio, e isso ele vai passar para a família dele. Eu acho que por aí
começamos. Eu sei que somos muito poucos ainda, pela necessidade que temos na
cidade de Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul, no Brasil e no mundo,
mas nós temos uma semente que foi muito bem plantada, para mudar, quem sabe;
talvez não estejamos aqui, mas, de qualquer forma, estaremos torcendo para
mudar o mundo e fazer com ele seja melhor para nós todos.
Fizemos um Projeto de
Lei, e quero pedir apoio ao Ver. João Antonio Dib, nosso Líder aqui, ajude-nos
a fazer isto: implantar nas escolas e onde for necessário, para que nós
possamos mudar, sim, o compromisso e o que cada um de nós deve ter conosco. E
isso o Amor Exigente nos traz e nos entrega aqui, de bandeja. Parabéns à
Associação do Amor Exigente, à Federação e a todos os que participam. Vamos
buscar os que não estão participando para participarem, e vamos cumprir com a
nossa missão. Muito obrigado pela oportunidade. Obrigado a todos.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Com a
manifestação do Ver. Paulinho Rubem Berta, proponente deste período de
Comunicações, com esse tema específico, encerramos as inscrições dos
Vereadores. Passaremos agora às manifestações finais dos senhores convidados.
A Srª Arlete Colvara
está com a palavra.
A SRA. ARLETE COLVARA: Boa-tarde! Eu estou
bem emocionada, porque acho que vocês entenderam o que a gente pretende com o
Amor Exigente. Há 20 anos sou voluntária do Amor Exigente. Eu trabalhava na
extinta Caixa Econômica Estadual, aposentei-me em 1990 e, em 1991, entrei no
programa Amor Exigente, que mudou totalmente a minha vida, a vida da minha
família. Hoje, eu tento mudar a vida de outras pessoas para melhor. Acho que
temos que fazer a prevenção. As nossas crianças são o futuro, e temos que
investir na prevenção. Muito obrigada.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Sr. Cláudio
Lugo está com a palavra.
O SR. CLÁUDIO LUGO: Neste momento, não
posso deixar esta Casa sem o meu agradecimento muito sincero à oportunidade que
o Ver. Paulinho Rubem Berta dá ao Amor Exigente, não especificamente às nossas
pessoas, nós não somos nada, o movimento é muito maior. Somos em torno de dez
mil pessoas trabalhando no Amor Exigente no Brasil, silenciosamente, só no boca
a boca. Quando esta Casa abre esse instante para ouvir, para saber alguma
coisa, muito pouco do tanto que se faz no Amor Exigente, agradecemos ao
Paulinho e pedimos que a Casa veja com simpatia o movimento Amor Exigente, toda
a ética com que ele se conduz, com todo o respeito ao ser humano, à dignidade
do ser humano, que é o que se busca maximizar, esse crescimento do ser humano
integral, biopsicossocioespiritual.
Eu falei em escolas e
gostaria de lembrar aos senhores que, por todo o Brasil, existem iniciativas
individuais de diretores de escolas, de professores colocando o Amor Exigente
dentro da escola. E aí os outros professores começam a participar. Mas vale
lembrar que existem Municípios, como o de Rio Pomba, em Goiás; o de Tumbiara,
em Minas Gerais; o de Londrina, no Paraná, que já têm legislação colocando o
Amor Exigente como disciplina no Ensino Médio e como tema transversal no Ensino
Fundamental e Infantil também. Então, esse tipo de programa que é colocado à
disposição das escolas é gratuito, nada é cobrado, nem será cobrado jamais, o único
vínculo que existe, sim, é o de respeito à metodologia: que seja seguida a
metodologia, que não seja deturpado, nem travestido de falsas imitações. Fora
isso, o Amor Exigente veio para ficar entre nós enquanto for necessário. A
gente sonha que um dia ele desapareça, deixe de ser um movimento. Os seus
conceitos são tão simples, tão elementares, tão tradicionais e saudáveis, que
serão absorvidos, e os nossos netos, bisnetos, tataranetos estarão vivendo um
Brasil muito melhor. Colocamos a Associação Porto-Alegrense do Amor Exigente
cem por cento à disposição dos Srs. Edis. Usem-nos, contem conosco, nós também
contamos com os senhores. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Assim,
chegamos ao fim deste período de Comunicações, com o tema específico Amor
Exigente. Agradecemos muito ao Sr. Cláudio Lugo, representante da Associação
Porto-Alegrense do Amor Exigente, a Apaex; à Srª Arlete Colvara, Coordenadora
Regional da Federação de Amor Exigente; à Sandra Porto, representante da
Secretaria Municipal de Educação e a todos os militantes do Amor Exigente que
hoje gentilmente nos visitaram. Tenham a certeza, Sr. Cláudio e todos vocês, de
que foi muito proveitoso esse período da Sessão, quando pudemos aprender muito
sobre o movimento Amor Exigente. Muito obrigado, em nome da Câmara de
Vereadores, pelo seu comparecimento e pela sua disposição de nos proporcionar
mais esse ensinamento. Estão suspensos
os trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h57min.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença – às 15h59min): Estão reabertos os trabalhos.
Passamos ao
O Ver. Alceu Brasinha
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. ALCEU BRASINHA: Sr. Presidente, Ver.
Toni Proença; Srs. Vereadores, Ver. Tarciso, que dia massacrante este de hoje!
E ontem foi terrível... Alguma coisa deve ser feita. A Direção faz, faz e não
consegue acertar. Mas a gente tem que confiar neles, porque são bons diretores,
não é, Tarciso?
Eu quero falar da Rua
Ramiro Barcelos. O Ver. Bernardino e eu batemos há muitos anos pedindo para ser
aberta a Ramiro Barcelos, até que um dia chegou um dirigente corajoso, o
Cappellari, e abriu. E eu fiz uma crítica, há poucos dias, devido ao
estacionamento - eu achei que não deveriam estacionar. Mas, quando a gente
critica e vê que está errado, tem que retomar e assumir a culpa, porque o
Diretor Cappellari e o gerente Carlos, da EPTC, me deram uma orientação e me
esclareceram, Ver. Tarciso. Eu fiquei muito satisfeito com o esclarecimento,
Ver. Dib; tem um determinado horário em que é permitido estacionar. Tem a área
azul e tem a área para os comerciantes estacionarem. E aí tem um determinado
horário para o estacionamento. Então, eu quero retirar as palavras que usei
naquele dia e pedir desculpas ao Secretário Cappellari, de quem tanto gosto,
ele tem me atendido muito. Eu acho que a gente, quando erra, tem que voltar
atrás.
Eu também quero
falar, Ver. Tarciso, das Secretarias do Município. Os Secretários estão há
tempo trabalhando, e eu, particularmente, tenho um carinho muito especial por
várias Secretarias. Por exemplo, o DEP: o querido Ernesto Teixeira,
extraordinário Secretário, Ver. Dib, é um homem que realmente responde, dá
retorno e trabalha. E assim por diante. O DMLU é uma Secretaria que sofre
tanto. Todas as críticas, na sua maioria, sempre são em cima do DMLU, que é uma
Secretaria que vem limpando a Cidade; a gente vê, até três vezes ao dia, o
caminhão do DMLU tirando lixo de onde tem foco de lixo, de onde as pessoas
despejam todas às vezes, e vira um costume. Lá o DMLU está. E o Secretário
Cássio vem fazendo um belo trabalho, um trabalho espetacular. Quando parou de
chover, imediatamente as equipes de tapa buracos estavam trabalhando - 14
equipes, Ver. Dib! Eu costumo chamar o Secretário Cássio de Astrogildo, porque
eu acho que ele é um astro. Por isso eu falo Cássio Astrogildo, porque ele
trabalha bem, é competente e vem trabalhando. E mais ainda: o Prefeito
Fortunati tem uma admiração muito grande pelo Secretário Cássio.
Também gosto muito do
Secretário da SMAM, o Luiz Fernando Záchia. Por quê? Porque ele trabalha bem e
atende, atende muito bem. O único defeito que o Secretário tem é o de ser
colorado - é o único defeito. É trabalhador, honesto, sincero, um ótimo
Secretário. Também o DMAE, meu amigo! Que coisa boa a gente ter um DMAE tão
competente, que está fazendo esse fantástico projeto do rio Guaíba. Eu passo
pelo Rio Guaíba, Ver. Bernardino, e fico pensando: “Será que é em nossa Porto
Alegre que está acontecendo isso?” Porque realmente está virada em um canteiro
de obras, e, se Deus quiser, daqui a poucos anos mais, nós vamos poder tomar
banho no Guaíba sem problema nenhum. Isto é muito importante para a Cidade: é
um Prefeito está olhando no futuro da Cidade, é um Prefeito que quer melhorar a
Cidade. E, certamente, Ver. Dib, isso vai ajudar...
(Som cortado
automaticamente por limitação de tempo.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Mauro
Pinheiro está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. MAURO PINHEIRO: Sr. Presidente, Ver.
Toni Proença; público que nos assiste pelo Canal 16, público das galerias, Ver.
João Antonio Dib, Líder do Governo, quero relembrar aqui alguns fatos que
aconteceram nesta Cidade. No dia 26 de outubro de 2009 foi assinado pela
Prefeitura de Porto Alegre - na época, o Prefeito era José Fogaça - um termo de
cooperação, pelo qual o Centro das Indústrias do Rio Grande do Sul, CIERGS,
faria os projetos para a Copa do Mundo de 2014, para a cidade de Porto Alegre. Na
época, isso foi muito festejado, Ver. Bernardino, porque o CIERGS, que faz
parte da FIERGS, faria um trabalho para a Prefeitura de Porto Alegre e, com
isso, uma economia para a Cidade. Aqui até tenho as palavras do nosso Prefeito
na época, o José Fogaça, quando foi assinada essa parceria entre o CIERGS e a
Prefeitura de Porto Alegre. Vou ler, para não cometer nenhum equívoco (Lê.):
“Essa parceria ativa e eficiente marca um momento de solidariedade e cooperação
do CIERGS com os interesses da esfera pública. A entidade alia-se a nós com uma
contribuição inestimável, reforçando ainda mais seu espírito de inovação”.
Então, em 2009, tudo
foi festa porque o CIERGS faria os projetos para a Prefeitura de Porto Alegre.
Só que hoje há uma crise entre o CIERGS e a Prefeitura de Porto Alegre, com a
demissão do Secretário Baggio, algo que aconteceu nesses últimos dias, devido
aos atrasos para as obras da Copa de 2014. Vereador Oliboni, de todas as obras
da Copa, só há uma única obra que está em dia, que é a que o Governo Federal
está tocando; o restante das obras está todo em atraso. E, quando o Secretário
Baggio caiu, botou a culpa no CIERGS, porque não tinham mando, dizendo que a
responsabilidade não era só dele, porque ele dependia do CIERGS. “Como iria
cobrar do CIERGS, se ele estava fazendo um favor para a Prefeitura Municipal de
Porto Alegre, fazendo os Projetos?” - essas foram as declarações do Secretário
Baggio.
Mas o CIERGS também
faz as suas declarações, e disse o quê, Ver. Dib? Que a culpa não é dele, que a
culpa é da Prefeitura Municipal, porque a Prefeitura Municipal não define
tecnicamente, a Prefeitura Municipal não consegue definir tecnicamente o que
quer. Fica mudando os projetos a toda hora, e assim não há condições. Mudam os
projetos. E o que eles vão fazer? Fazem o projeto, e a Prefeitura Municipal diz
que “não é mais assim, que agora mudou”. Essa é a dificuldade. E o CIERGS fala,
Ver. Dib, que há uma grande deficiência na equipe, que a Prefeitura Municipal
não tem gente para o trabalho, que assim não há condições de exercer, então,
que a culpa não é dele. E fica esse jogo de empurra. O que foi festa em 2009
hoje é uma crise na Prefeitura Municipal com as obras da Copa para 2014.
Agora, quero ler o
trecho do que diz o Prefeito Municipal, é uma declaração: “Na verdade, foi o
Fogaça com o Secretário Clóvis Magalhães que estabeleceu essa relação com o
CIERGS. Foi uma iniciativa louvável, já que o convênio nos permitiria
economizar. Mas o Baggio diz a verdade: não temos, neste caso, poder de mando.”
Quer dizer, a Prefeitura Municipal, o Prefeito está realmente assumindo que
perdeu o controle da gestão das obras da Copa. É lamentável, Ver. Dib; a Copa
se aproxima, as obras não acontecem. E a Presidente da República já disse que,
se até dezembro não houver Projeto, não terá dinheiro, e o ano que vem é
eleitoral. Como fica a Copa do Mundo de 2014? As obras que poderiam acontecer,
talvez, não aconteçam, porque a Prefeitura Municipal não está conseguindo
gerir. Mas a Ana Pellini, e não sabemos onde ela está na verdade...
(Não revisado pelo
orador.)
(Som cortado
automaticamente por limitação de tempo.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. João
Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pelo Governo.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Sras Vereadoras, meus senhores, minhas senhoras, com o
brilhantismo de sempre, o Ver. Mauro Pinheiro ocupa a tribuna para dirigir
críticas, só que eu não sei se ele criticou o CIERGS, se ele criticou os
técnicos da Prefeitura, se ele criticou o Prefeito, se ele criticou a
Prefeitura... Enfim, ele fez muitas críticas, mas não disse quem é o culpado de
nada. No entanto, o Vereador disse que o acordo com o CIERGS foi louvável, e eu
também acho que foi. As dificuldades ocorrem no caminho daqueles que realizam,
e a Prefeitura de Porto Alegre vai realizar, sim, as obras - não da Copa do
Mundo, mas as obras de que a Cidade precisa. Claro que houve dificuldades, e
algumas foram transpostas, outras ainda não, mas os projetos estão
encaminhados, as obras acontecerão, e, em 2013, tudo estará terminado, sem
nenhum problema.
O tão propalado
Governo Federal, esse não foi criticado no brilhante pronunciamento do Ver.
Mauro Pinheiro. E as obras do Aeroporto? A Prefeitura já fez a sua parte,
retirou as residências da Vila Dique que atrapalhavam o prolongamento da pista,
mas é só olhar, na Av. Dique, que a Infraero já colocou cercamento com placas
de concreto armado. Quer dizer, então, que está garantida a passagem, mas o
Governo Federal não fez nada ainda. Mas o Vereador esqueceu de criticar, ele só
elogiou o Governo Federal! Então eu não sei bem o que ele estava fazendo hoje,
mas ele não estava muito inspirado, porque, realmente, há dificuldade da
Prefeitura com as obras, e a Prefeitura, o Prefeito Fortunati enfrentou, no
primeiro semestre deste ano, um problema com os técnicos da Prefeitura, isso é
inegável. Claro que os técnicos são excelentes, são muito bons, mas, se eles
não derem o melhor de si, as coisas não funcionam, mas começaram a funcionar, e
vão funcionar tranquilamente, pela competência que eles têm.
Então, não há por que
ter essa preocupação de criticar. Agora, só não sei se ele criticou o CIERGS,
se ele criticou a Prefeitura. Eu sei que ele elogiou o Governo Federal, mas
esse merece críticas; quanto a esse, não tem dúvida nenhuma! A pista do
Aeroporto está lá, “paradita”, não fizeram nada, a não ser as placas de
concreto sinalizando aquilo que a Prefeitura fez, através do DEMHAB, retirando
centenas de moradias e localizando-as em outras áreas da Cidade. Bom, aí ele
não elogiou a Prefeitura. Deveria ter elogiado. Aí ele só fala que o Governo
Federal vai fazer ou vai desfazer. Mas o Governo Federal não é isso que se fala
aí. O Governo Federal é aquele que tem quase 400 bilhões de dólares no Fundo
Monetário Internacional e deve 1 trilhão e 800 bilhões aqui de dívida interna,
uma dívida que é paga com juros de 13% ao ano e recebe, dos 400 bilhões de
dólares, 2% ao ano. Se esses 400 bilhões fossem aplicados aqui, isso
representaria 500 milhões de reais, em números redondos. Esses 500 bilhões de
reais, a 13% ao ano, são 65 bilhões de reais. Imaginem quantas obras seriam, o
que se poderia fazer para a saúde dos brasileiros, o que se faria em relação às
obras do Aeroporto, que não saem! Isso ele esqueceu! Mas não faz mal nenhum,
hoje é quinta-feira, é tranquilo, não tem problema nenhum, nós vamos esquecer
que hoje o Ver. Mauro Pinheiro não estava com o brilhantismo que o caracteriza
em todos os seus pronunciamentos. Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Aldacir
Oliboni está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pela oposição.
O SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI: Sr.
Presidente, Ver. Toni Proença; colegas Vereadores e Vereadoras, cidadãos e
cidadãs que acompanham o Canal 16 e público aqui presente, eu sei que existe um
enorme esforço do Ver. João Antonio Dib em tentar justificar algumas ações do
atual Governo que, na verdade, são difíceis de justificar. Vou trazer mais uma
novidade para V. Exª, Ver. João Antonio Dib, e pedir a sua ajuda, porque sei
que, como Liderança de Governo aqui na Câmara, pode dizer algo para amenizar o
sofrimento da população.
Trago aqui um
Requerimento com o ciente do Secretário da Saúde, o Dr. Carlos Henrique
Casartelli, dizendo o seguinte (Lê.): “No dia 07/04/2010 – 2ª edição do D.O.E.,
foi publicada a Lei nº 13.417, de 5-4-2010, que reestrutura o Quadro de
Funcionários da Saúde Pública, conforme a Lei nº 8.189/86. Há várias mudanças
na vida funcional de cada servidor, sendo que, para algumas, ainda há
necessidade de regulamentação. Quanto à jornada de trabalho, que passa a ser de
30 horas semanais, a mesma deve ser imediatamente aplicada aos servidores
estaduais em exercício nessa Unidade de Saúde Porto Alegre [o caso específico
de que eu falo é o Hospital Santa Marta, aqui do Centro de Porto Alegre], bem
como para todos os servidores do Quadro Pessoal da Saúde do Estado do Rio
Grande do Sul [que atuam nesta unidade]”. É dada ciência do documento pelo
Secretário Dr. Henrique Casartelli. Ele cumpre uma Instrução Normativa de 2004,
inclusive assinada e empenhada pelo nosso Governo em 2004.
Eu queria fazer um
apelo. Vejam só, nós apoiamos, aprovamos, votamos favoravelmente essa
reivindicação do Sindicato Médico, esse acordo feito para que eles pudessem ter
a livre opção de 20 ou 40 horas semanais com aquele determinado piso. Mas,
segundo o Secretário - estou tentando falar com ele e espero conversar
longamente com ele até o final do dia ou amanhã pessoalmente -, uma vez havendo
uma Instrução Normativa e um acordo anterior para uma unidade específica da
Cidade... Eu espero que isso também seja cumprido, porque não seria justo que,
para todos os trabalhadores que ficaram fora desse projeto estratégico
apresentado pelo Governo para os médicos, não valessem alguns outros acordos já
efetuados para outras categorias - no caso, os técnicos, ou os auxiliares de
enfermagem.
Então, faço um apelo,
Tânia - sei que V. Sª tem se empenhado -, para que o nosso Secretário receba
este Vereador, receba esses trabalhadores, para que possamos ter uma conversa,
um acordo, encontrar uma forma de poder dialogar com esses servidores e para
que eles não sejam prejudicados. Até porque essa carga horária acaba excedendo
o horário determinado para ser unânime e, consequentemente, atrapalharia a vida
do cidadão, se mudasse, de uma hora para outra, esse acordo feito com o Estado.
O Estado mantém aquilo que assinou, de manter as 30 horas para os servidores
deles; então, não seria justo que o Município, só com eles, daquela Unidade, passassem,
por ser do Município, a trabalhar 40 horas em vez de 30 horas. Acho que tem que
os manter, até por que há esse acordo, e, consequentemente, nós, que estamos
aqui, vamos acompanhar de perto. Caso contrário, haverá um movimento
desagradável, ou na frente da Prefeitura, ou na frente da Secretaria. Eu espero
que isso não seja necessário. Então, eu peço o apoio do nobre Líder, o Ver.
João Antonio Dib, da base do Governo, e do nosso Secretário, que sempre foi
atencioso nas nossas solicitações, para que essa questão específica do Hospital
Santa Marta seja resolvida o mais breve possível. Um grande abraço.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Em votação o Requerimento de autoria dos Vereadores Mauro Zacher,
Bernardino Vendruscolo e Beto Moesch, que solicitam a inversão da ordem dos
trabalhos, para que possamos, imediatamente, entrar no período de Pauta,
passando, logo em seguida, ao Grande Expediente. (Pausa.) Os Srs. Vereadores
que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADO.
Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05
oradores/05 minutos/com aparte)
1ª SESSÃO
PROC.
Nº 4010/10 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 195/10, de autoria do
Ver. Airto Ferronato, que
delimita, na orla do rio Guaíba, uma faixa de preservação de, no mínimo, 60m
(sessenta metros) de largura e dá outras providências.
PROC.
Nº 1445/11 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 047/11, de autoria do
Ver. Professor Garcia, que
estabelece procedimentos a serem adotados na venda, na distribuição pelo
Município de Porto Alegre e no descarte de medicamentos. Com Emenda nº 01.
2ª SESSÃO
PROC.
Nº 2435/11 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 025/11, que cria a Secretaria Municipal do
Trabalho e Emprego (SMTE), no âmbito da Administração Centralizada do Executivo
Municipal, estabelece suas competências, cria cargos em comissão e funções
gratificadas e dá outras providências.
PROC.
Nº 2444/11 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 026/11, que declara de utilidade pública a
entidade Reciclando a Cidadania em Rede Interdisciplinar (REDECRIAR).
PROC.
Nº 2445/11 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 027/11, que declara de utilidade pública a
Organização Não Governamental Brasil Melhor.
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Mario Fraga está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. MARIO FRAGA: Ver. Toni Proença, na
presidência dos trabalhos; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, público
que nos assiste nas galerias e pela TVCâmara, no período de Pauta de hoje,
temos alguns Projetos em 1ª e 2ª Sessões, e,
dentre os Projetos da 2ª Sessão, eu queria falar mais especificamente sobre
essa nova proposta do Prefeito José Fortunati, proposta que chegou nesta Casa
na Sessão de Pauta de ontem - ontem mesmo, correu a 1ª Sessão, hoje está
correndo a 2ª Sessão -, criando a Secretaria Municipal do Trabalho e Emprego. A
gente já vinha tentando criar essa Secretaria no Município de Porto Alegre há
muito tempo. Inclusive, Ver. Mauro Pinheiro, Vereador-Líder do PT, eu me lembro
de que, nesta Casa, talvez o Partido dos Trabalhadores já tivesse falado nessa
Secretaria há algum tempo. Eu não tenho certeza, mas lembro, vagamente, nas
minhas passagens nesta Casa como Vereador, que o Partido dos Trabalhadores,
numa época em que até foi criada a Secretaria Municipal de Esportes, na qual eu
me envolvi bastante, já falava, também, em criar a Secretaria Municipal do
Trabalho. E agora, dentro do nosso Governo, do Governo José Fortunati, o
Prefeito Fortunati envia a esta Casa este Projeto, que é muito importante para
todos nós, independente de Partidos. Uma Secretaria Municipal do Trabalho no
Município de Porto Alegre vem alavancar o trabalhador que, em determinado
momento, está desempregado. E eu falo com muita propriedade, porque tive a
felicidade de ser coordenador do Sistema Nacional de Emprego, o famoso Sine, na Av. Cavalhada. Eu fui
coordenador por três anos, sei o quanto as pessoas sofrem para conseguir um
emprego.
Sendo criada essa
Secretaria no âmbito municipal, através do Governo Fortunati e através de todos
os Vereadores, que eu espero ter apoio, nós teremos uma chance maior para as
pessoas que estão desempregadas. Todos aqui sabem que nós, hoje, fazemos parte,
Ver. Mauro Pinheiro, do Governo Federal, e que o Ministro Carlos Lupi é o
Ministro do Trabalho e do Emprego no âmbito nacional. Então, ficaria muito
fácil para nós, Ver. DJ Cassiá, criar essa Secretaria e fazer bons acordos,
tanto com o Governo Federal, através do Ministro Carlos Lupi, quanto na
Secretaria do Trabalho, que é exercida hoje pelo Deputado Lara. Poderíamos
fazer essa triangulação entre Governo Municipal, Governo Estadual e Governo
Federal. Então, faço um apelo aos pares aqui da Casa, para que nos ajudem a
aprovar essa Secretaria, e essa Secretaria não é do PDT, é de todos os
trabalhadores da nossa Cidade. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Mauro
Pinheiro está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. MAURO PINHEIRO: Sr. Presidente, Ver.
DJ Cassiá; Vereadores e Vereadoras, público que nos assiste pelo Canal 16 e nas
galerias, eu concordo com o Ver. Mario Fraga, Ver. João Dib, quando ele fala
com a preocupação com o trabalho, com a geração de emprego, geração de renda,
mas não dá para concordar com a criação de mais uma Secretaria, Ver. Pedro
Ruas. Com mais uma Secretaria, mais oito CCs no Município de Porto Alegre,
realmente, não dá para concordar. Até porque eu não vejo necessidade de se ter
uma nova Secretaria, pois todas as funções dessa Secretaria, que estão sendo
apontadas pelo Ver. Mario Fraga, já estão dentro da SMIC – Secretaria Municipal
da Indústria e Comércio. A questão dos cursos e a relação com o trabalho podem
ser muito bem exercidas dentro da SMIC. Do Ver. Valter Nagelstein será tirado
uma parte da sua Secretaria para criar uma nova Secretaria e, com isso, mais
oito CCs. Essa é a nossa discordância, não podemos concordar com isso.
Até porque, Ver. João
Antonio Dib, o senhor, que é o homem dos números, em 2004 – se estiver errado,
eu gostaria até que fosse corrigido -, na Administração Popular, nós tínhamos
267 CCs, na Administração Direta. Hoje nós já estamos com 532, Ver. João
Antonio Dib! Então, está crescendo a folha de pagamento, e depois as
reclamações que surgem é de que não há pessoal para trabalhar, por isso as
obras da Copa não saíram! É isso que eu gostaria de ter terminado de falar no
meu pronunciamento anterior, Ver. João Antonio Dib: a falta de gestão, é esse o
problema. A Prefeitura não consegue nem definir quem é o responsável pelos
projetos! Não consegue ter controle, não consegue ter mando! E agora vamos
criar uma nova Secretaria, mais oito CCs!?
Porto Alegre, hoje,
já tem, Ver. Mario Fraga, 532 da Administração Direta; 242 da Administração
Indireta; mais 141 CCs das empresas, totalizando 915 CCs no Município de Porto
Alegre. E o Prefeito Municipal manda para cá a criação de uma nova Secretaria,
com mais CCs, assim como as grandes Secretarias que foram criadas neste
Governo: Secretaria de Acessibilidade, Inovapoa, Secretaria da Juventude, SEDA
e assim por diante, e nós não estamos vendo resultados.
Não adianta criarmos
Secretarias sem orçamento, sem execução de projetos. Não sou contrário à
criação da Secretaria, Ver. Mario Fraga, desde que se tenha um projeto
específico, desde que se tenha um orçamento e que ela vá executar melhorias
para a nossa Cidade. Agora, criação de Secretarias, como as que foram criadas
neste Governo, de Acessibilidade, Inovapoa, entre outras que não apresentam
projeto, que não realizaram, Ver. Reginaldo Pujol, um único projeto sequer...!
Nem o Orçamento previsto nós temos para essas Secretarias. Por exemplo, qual é
o orçamento da SEDA, que foi criada há poucos dias, e até agora não aconteceu
nada? Qual é o orçamento que vai ter a Secretaria do Trabalho? O que ela
realmente vai executar? Ou é somente para a criação de novos Cargos de Confiança?
O que falta na cidade de Porto Alegre não são Secretarias, nós temos várias que
foram criadas nesta Gestão; o que falta é uma gestão competente, com norte,
orçamento e projeto específicos, senão vamos correr o risco de continuar da
mesma forma, perdendo orçamento, perdendo projetos do Governo Federal, como a
Praça da Juventude, para o qual se perderam recursos porque não havia projeto.
Não adianta Secretarias sem projeto, sem orçamento; nós queremos, sim, que se
criem Secretarias que tenham projeto, orçamento e que elas realizem alguma
coisa para a Cidade, o que não é o caso das Secretarias que foram criadas nos
últimos tempos, que não realizaram obras, que não têm um único projeto.
Apresente, Ver. Mario Fraga, projetos das Secretarias que foram criadas, e nós
votaremos a favor, senão teremos que votar contrariamente. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver.
Reginaldo Pujol está com a palavra.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, eu não sabia de um acordo que havia ocorrido, de
que não se deveria falar em Pauta, para ela ser corrida. Então, Ver.
Vendruscolo, fique tranquilo, estou saindo da tribuna.
O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Aldacir
José Oliboni está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, público que acompanha
a nossa Sessão, neste momento estamos no período de Pauta, quando falamos sobre
projetos apresentados por iniciativa de Vereador ou do Governo Municipal. Eu
queria falar num Projeto que o Governo Municipal mandou esta semana à Câmara de
Vereadores, criando uma outra Secretaria, a Secretaria Municipal do Trabalho e
Emprego. Vejam, senhoras e senhores, nós aprovamos, há poucos dias, uma nova Secretaria
que cuida do bem-estar dos animais, a SEDA, e foram criados vários CCs, várias
FGs, Função Gratificadas. E agora o Prefeito manda um Projeto criando outra
Secretaria. Dá-nos a impressão... E este é o questionamento que a oposição faz
à Casa e ao próprio Governo: por que tantas Secretarias? O que vai acontecer
com a SMIC, Ver. João Antonio Dib, se for criada a Secretaria do Trabalho e
Emprego? Qual vai ser a função da SMIC?
Estão tirando
atribuições de uma Secretaria e criando outras para atender quem? Para atender
os interesses ou os “interésses”, como dizia o Brizola – que possivelmente não
seria favorável a tudo isso –, desses Partidos que compõem o atual Governo. Mas
eu acredito que essa Secretaria tem um nome que o PDT quer colocar, que é o Pompeo.
Todos nós sabemos há muito tempo disso, inclusive ele fez domicílio eleitoral,
transferiu o título para Porto Alegre. Pompeo foi Deputado Federal, deveria
estar no Estado, estar na União, Mauro Zacher. Agora, criar uma Secretaria para
dizer que essa Secretaria vai absorver os assuntos ligados ao Ministério do
Trabalho? A SMIC pode fazer isso muito bem. Está-se tirando atribuição de uma
Secretaria para justificar a criação de outras. Mas nessas outras criadas há um
enorme número de CCs e FGs que não se justifica, porque é recurso público;
enquanto outros serviços públicos estão aquém da expectativa da população de
Porto Alegre; o atendimento médico, por exemplo.
Não é por acaso que
as Emergências estão lotadas; não é por acaso que as Unidades de Saúde estão
sem médicos, sem profissionais qualificados para tal, sem atribuição de
concurso público para poder, então, admiti-los. A Folha de Pagamento é
absorvida, a peça orçamentária é absolvida por quantos CCs criados neste
Governo? Criticam o nosso Governo! Pois este Governo está quase chegando a mil
cargos novos, e são seis, sete anos. Criticam o Governo Federal, mas estão
juntos no Governo Federal! Estão juntos! E, aqui, onde poderiam dar o bom
exemplo, fazem além do que os outros fazem. Portanto, é uma enorme preocupação.
É legal e regimental a nossa indignação, assim como é a indignação da
sociedade. Dá a impressão de que se entra na política para estar bem, para
tentar arrumar um jeitinho brasileiro, e não é isso que deve ser feito. Nós,
como Vereadores, temos que fiscalizar, sim, o Executivo e dar a nossa opinião.
Pode ser até antipático para alguns, mas é simpático para aqueles que querem
que o recurso público seja bem destinado.
Eu tenho a convicção
de que neste caso o Governo podia ter esperado. Quem sabe, no futuro, um
Governo apresente, como proposta de trabalho, como plataforma de Governo, a
criação dessa nova Secretaria. Mas me parece que querem fazer tudo num Governo
só para dizer que fizeram, mas os resultados, às vezes, são pífios, como na Secretaria
da Juventude, na Secretaria da Acessibilidade e em tantas outras. E nós ficamos
muito preocupados com as coisas que não acontecem, vejam que a população ainda
está na fila para ser atendida; muitas vezes não é atendida ou precisa esperar
muito tempo para ter um atendimento médico. Então eu fico frustrado com essas
ideias que dão a impressão de serem fundamentais para alguns, mas para a
população, de uma forma geral, eu tenho certeza absoluta de que não o são. Nós
não estamos aqui para arrumar a vida de alguém; estamos aqui para fazer com que
o serviço público esteja à disposição de todos, principalmente quando há alguns
que devem muito para a população. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Está encerrado
o período de Pauta.
O Ver. Bernardino
Vendruscolo está com a palavra em Grande Expediente.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Presidente dos
trabalhos, Ver. DJ Cassiá; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores,
público que nos assiste, hoje trato de um pedido de investigação que farei ao
Ministério Público de Contas, a respeito dos festejos da Semana Farroupilha em
Porto Alegre; peço aos Srs. Vereadores que desejarem pedir aparte que o façam
no final da minha apresentação.
Jamais quis que
chegasse este dia. Todos aqui sabem quantas vezes subi a esta tribuna. Com
certeza, as taquígrafas desta Casa devem lembrar que, desde 2005, tenho,
seguidamente, sugerido, reclamado, apontado algumas questões que sempre entendi
que são e que permanecem equivocadas, mas não restou outro caminho a não ser
encaminhar este assunto ao Ministério Público de Contas, para que ele, seguindo
o que nós apontamos, busque a verdade. Vou falar mais precisamente do ano de
2009. Em 2009, fizemos aqui, Ver. DJ Cassiá, que presidia a Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos
Humanos e Segurança Urbana, vários encontros para esclarecermos dúvidas que, ao
longo do tempo, têm surgido em relação aos festejos Farroupilha aqui em Porto
Alegre.
Resumindo, nós convidamos para participar da Comissão de Defesa do Consumidor,
Direitos Humanos e Segurança Urbana mais precisamente o
representante do MTG, o representante da Fundação Cultural Gaúcha; os
representantes da Secretaria Municipal da Cultura também estiveram aqui nesta
Casa acompanhando essas autoridades. Depois de muitas discussões, solicitamos
que os responsáveis pelos festejos nos apresentassem os recibos, as notas
fiscais que comprovam receitas e despesas. Em um primeiro momento, compareceram
aqui o Sr. Manoelito Savaris, representando o MTG - o IGTF na época -; e os
representantes da Secretaria Municipal da Cultura. Na primeira reunião ficou
acordado que 15 dias depois receberíamos, então, as tais notas ficais. Na
segunda reunião, compareceu aqui o Sr. Oscar Gress, Presidente do MTG,
juntamente com representantes da Secretaria Municipal da Cultura e outros.
Novamente eles nos disseram que não haveria dificuldade, mas que precisavam de
tempo para apresentar as notas fiscais de receitas e despesas. Na véspera da
terceira reunião, nós, Vereadores, fomos surpreendidos por um Ofício enviado
pela Fundação Cultural Gaúcha - e o Presidente do MTG também é Presidente da
Fundação Cultural Gaúcha, o Sr. Oscar Fernandes Gress -, dizendo na
oportunidade, escreveu e assinou, que nós não éramos competentes para fazermos
a fiscalização nem do MTG, nem da Fundação Cultural Gaúcha.
Pois bem, eu insistia
e insisto sobre isto: um ente, na medida em que presta serviço ao Poder
Público, nesse caso, por delegação, explora um próprio Municipal, recebe
dinheiro público, está, sim, sujeito à fiscalização da entidade que fiscaliza
aquele Poder Público, no caso, a Câmara de Vereadores, que tem a competência de
fiscalizar o Executivo. Mas nós aguardamos, pensamos muito sobre isso. Eu lerei
parte do Ofício encaminhado a todos os Vereadores desta Casa, Ofício oriundo do
MTG, da Fundação Cultural Gaúcha (Lê.): “No que tange aos recursos públicos
municipais afetos à esfera da competência da CEDECONDH, e que, supomos,
provocou a justa e correta preocupação de seus integrantes, esclarecemos que tiveram
a respectiva prestação de contas apresentada junto à Secretaria Municipal da
Cultura, onde poderão os ilustres Vereadores obter os comprovantes de despesas
ora solicitadas”. E finaliza dizendo assim (Lê.): “[...] sentem-se no direito
[então, o MTG e a Fundação Cultural] de preservar sua independência
jurídico-administrativa e reservar-se à obrigação de prestar contas às
instituições e organismos que por lei têm prerrogativa de fiscalizá-las, razão
pela qual, reiterando a posição de respeito [...]”, dizendo que quem os
fiscaliza é o Ministério Público. Naquela oportunidade, essas entidades
receberam o elogio de muitos colegas desta Casa, porque, concomitantemente,
apareceu aqui e foi elogiado o nosso Secretario Municipal Sergius Gonzaga, que apresentou os documentos, que estão em
três pastas.
Este
Vereador passou parte do recesso do ano passado levantando dados e informações.
É muito complicado o que nós vamos dizer. Estávamos na expectativa, ouvindo um,
ouvindo outro, e toda a nossa preocupação sempre foi no sentido de nós não
mancharmos, de preservamos a imagem de pessoas sérias, que trabalham e precisam
ser respeitadas. E nós queremos fazer essa distinção. Mas esses representantes
do MTG e da Fundação Cultural Gaúcha, naquela oportunidade, pela insistência,
pela incoerência, por não nos permitirem outro procedimento, nos levaram ao
Ministério Público. Eu vou ler partes aqui e, depois, darei cópia aos
Vereadores. Se bem que isto também está no meu site, que é www.vereadorbernardino.com.br. Foi entregue diretamente ao Dr. Geraldo Costa da
Camino, que é o Procurador-Geral do Ministério Público de Contas, no dia 22 de
julho, bem antes deste assunto que está muito em voga, em manchetes, que são os
festejos em Gramado.
Eu preciso antes
dizer que, além da justificativa que faço, essas entidades - Fundação Cultural
e MTG - assinaram um Termo de Compromisso com o Município em que se
comprometiam a prestar contas. O item 4.1 diz das atribuições do MTG (Lê.): “Submeter-se
à fiscalização do Município.” Ora, quem fiscaliza o Município? Não são os
Vereadores? Por isso cai por terra essa tese de que nós, Vereadores, não
podemos fazer essa investigação. Vou pincelar alguns assuntos, pois não terei
tempo suficiente para falar de tudo. Todas as questões estão no meu site www.vereadorbernardino.com.br, mas
eu preciso fazer aqui alguns registros.
Há poucos dias,
estiveram no meu gabinete – e isso foi a gota d’água para que nós tomássemos
esse caminho – duas representantes de uma empresa do Paraná, a A.D.M., do Grupo
Eurobras. Vou ler parte do ofício que me entregaram (Lê.): “No ano passado,
2010, fomos impedidos de participar da concorrência por um equívoco de
entendimento sobre nossa documentação. Quando sanamos o equívoco, a licitação
já tinha ocorrido. Para conhecimento de todos, nossa proposta, na época, era de
R$ 450,00 [o custo para locação de] cada banheiro [químico]. Posteriormente, no
final do mês de agosto, passamos a alugar banheiros diretamente aos acampados,
pelo valor de R$ 300,00 a unidade, alugando aproximadamente 100 (cem)
unidades.”
Em 2009, com dinheiro
público, foram pagos R$ 603,33 por cada banheiro químico. A empresa alugou
individualmente, com esse recibo fajuto aqui, para quem acampou, ao custo de R$
350,00. (Mostra documento.) Em 2010, a mesma empresa ganhou a licitação e
concorreu sozinha, porque houve a desclassificação da empresa que fez esta
declaração, que está lá no Ministério Público, a mesma empresa ganhou a
licitação, novamente, concorrendo sozinha, pelo preço de R$ 980,00 a unidade.
Aqui nós vamos encontrar, e precisa ser dito, a aquisição de uma van em 2009. Para quem não sabe, para os
festejos, é obrigado, por lei, abrir uma conta especifica, que se encerra no
final dos festejos. A arrecadação que acontece para o evento não se presta para
esse tipo de aquisição. Como se isso não bastasse, nós vamos encontrar, entre
tantas situações, um pagamento, por exemplo, para a gráfica Pallotti, em cuja
nota fiscal diz o seguinte: “Este material foi pago com doação de papel pela
Aracruz.” Em 2007/2008, para terem uma ideia da esculhambação, desculpem-me o
termo, os eventos resultaram na mesma receita: R$ 223 mil. No ano passado,
quando reclamamos que o evento todo não poderia dar R$ 131 mil, houve um desmembramento
das contas do Estado, da competência estadual para a competência municipal, e a
receita não diminuiu, ela aumentou: saltou para quatrocentos e vinte e poucos
mil reais.
Meu colegas
Vereadores, eu tenho tanta coisa mais para falar, mas o tempo não me permite.
Ainda quero ver se dou apartes, quero ver se o Presidente segura um pouco o meu
tempo, mas, lamentavelmente, eu não consegui segurar, não podia segurar. E mais
ainda: eu quero fazer um desafio, está o meu mandato em jogo: se o que eu estiver
apontando aqui não for verdadeiro, eu vou embora para casa. É o mínimo que eu
posso fazer.
(Mostra documento.)
O Sr. Engenheiro Comassetto: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Bernardino, queríamos cumprimentá-lo.
Na verdade, a nossa Bancada, composta de oito Vereadores, vem aqui prestar
solidariedade a V. Exª e dizer que todos gostaríamos de fazer um debate neste
momento. No início do ano, quando fizemos uma Audiência Pública aqui, esses
mesmos senhores de que V. Exª fala agora trouxeram um documento dizendo que os
Vereadores não tinham o direito de fiscalizar. Primeiro, é um grande
desrespeito com esta Casa; segundo, está à luz dos olhos que está mal contada
essa história. Eu gostaria de dizer que a Semana Farroupilha é, mais ou menos,
o Natal Luz aqui de Porto Alegre. Muito obrigado.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Quero fazer um
registro: esse não é um problema deste Governo, não é problema de Governo; é de
muitos anos esse comportamento e essa cultura. Então, por favor, eu só peço que
a gente tenha responsabilidade. Eu sei que a Bancada do PT tem, só faço este
lembrete porque acabei esquecendo de fazê-lo anteriormente.
O Sr. Adeli Sell: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) O seu mandato está garantido, porque V. Exª
diz a verdade. Eu acabo de vir da Comissão do Acampamento Farroupilha, e,
pasme, porque, agora, os banheiros baixaram de preço. Um ano depois, R$ 800.
Quer dizer, alguma coisa estava errada no ano passado. Hoje, inclusive, foi
apresentado um conjunto de senões a essa empresa. Eu fiquei quieto, mas vou
checar a vida dessa empresa para saber quem está faltando com a verdade: a
empresa ou o representante, aquele famoso senhor que se acha o dono do mundo, o
Coronel Savaris. Mas ele não perde por esperar, porque, um dia, ele prestará
contas do que fez e do que mal fez. Nós estamos naquela Comissão representando
os 36 Vereadores, e vejam só: o problema está tão grave, que a Semana
Farroupilha perdeu o patrocínio da Oi, da Walmart e da Celulose Riograndense.
Alguma coisa anda mal. E V. Exª tem razão, esse negócio vem de há muito tempo,
porque os Governos fazem convênios e se desobrigam, como, por exemplo, no
carnaval, no Natal Luz, em outros eventos por aí, e o pessoal “deita e rola”.
Esta Casa tem seriedade, esta Casa fiscaliza, e Vereador é para fiscalizar,
como diz o Ver. João Dib.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Eu finalizo
agradecendo a paciência do nosso Presidente, reforçando, mais uma vez, que não
se trata de uma questão de Governo; vem de muitos Governos esse comportamento.
Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Beto
Moesch está com a palavra em Grande Expediente.
O SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, eu quero parabenizar o Ver. Bernardino Vendruscolo
pela coragem e pelo trabalho dedicado a esse tema, que é muito caro a Porto
Alegre e ao Estado do Rio Grande do Sul. O principal festejo, em número de
pessoas, do Rio Grande do Sul é a Semana Farroupilha, e ela está sendo feita
sempre dentro de um parque. Eu diria, Ver. Bernardino, que, além das questões
de irregularidades que V. Exª estudou e apresenta de forma corajosa - eu
acompanhei muito isso como Secretário do Meio Ambiente -, há também o descaso
para com o parque, durante a Semana Farroupilha. Parece que usam e abusam do
parque, sem cuidar do parque.
Mas, dando
continuidade aos debates da Câmara de Vereadores, eu queria aqui destacar,
primeiro, a experiência da cidade de Porto Alegre de mudar a forma da coleta de
resíduos domiciliares, utilizando contêineres. Todos estão sabendo e
acompanhado isso, tudo o que é novo é polêmico, mas eu não vou falar dos
contêineres em si. O que está chamando atenção da opinião pública é justamente
o fato que eu quero trazer aqui, que eu sempre debati na tribuna, nas
Comissões, enfim. Está se identificando, de forma clara, aquilo que nós falamos
aqui desde 2001: a maior parte dos porto-alegrenses não separa o lixo.
Inclusive esta Casa tem um problema sério de separação de lixo. A Secretaria
Municipal do Meio Ambiente tinha esse problema, quando nós assumimos a SMAM, em
2005. Ou seja, a sociedade porto-alegrense, a sociedade brasileira não tem a
cultura, a ética, a moral de cuidar dos resíduos que gera. E isso é, na minha
opinião, uma forma de corrupção, porque quem não cuida, quem não é cuidadoso,
de uma certa forma, está corrompendo.
E quem não separa o
lixo numa Cidade que oferece esse serviço desde 1990, não é cidadão, na minha
opinião. Só há duas Capitais que separam o lixo no Brasil: Porto Alegre e
Curitiba. No Rio Grande do Sul, são raras as cidades com coleta seletiva. E
está se provando, agora, com os contêineres, justamente isso, o volume imenso
de material reciclável nos contêineres, onde só se poderia haver material
orgânico, restos de alimentos. Mas ali se encontram plástico, vidro, metal e
papel, que deveriam ser oferecidos para a coleta seletiva de lixo, instituída
em todos os bairros da Cidade, duas vezes por semana. Isso é raro no Brasil.
Então, aqui,
primeiro, uma constatação legal: esta Casa, de forma ousada, de forma pioneira,
de forma qualificada, aprovou em 1990 - eu não era Vereador ainda, infelizmente
– o Código Municipal de Limpeza Urbana. Na época, o principal instrumento de
limpeza urbana do Brasil, o mais avançado e ousado. Tanto é que, até hoje, ele
é avançado. Pelo Código Municipal de Limpeza Urbana, que é uma Lei
Complementar, o resíduo domiciliar - que é aquilo que nós geramos, não é o do
comércio, não é o da indústria, não é o do hospital, é o que nós geramos - tem
de ser separado, é obrigatório separar o lixo, não é uma faculdade. E tem
previsão de multa para isso. Pois, se a sociedade, através da Câmara de
Vereadores, entregou um documento, qual seja, o Código Municipal de Limpeza
Urbana, para fiscalizar e multar quem não cumpre essa obrigação, por que nunca
o DMLU – nunca! – cumpriu com esta obrigação de multar e fiscalizar quem não
separa o lixo? Nunca! Não há um único expediente de multa, de fiscalização, ou
advertência para uma residência que não separou o lixo. Qual a desculpa do DMLU
desde 1990? “Nós vamos, num primeiro momento, resolver isso com educação
ambiental.”
Ora, a educação
ambiental é imprescindível para a limpeza da cidade e para a saúde.
Imprescindível, Presidente! Mas, paralelamente à educação ambiental, tem que
haver a fiscalização e a autuação. São dois instrumentos complementares. Se eu
faço educação ambiental, isso não quer dizer que eu não possa e não deva fazer
a autuação. E mais: onde é que está, de 2001 para cá, do tempo que sou
Vereador, a educação ambiental no rádio, no jornal, na tevê, por parte do Poder
Público? Eu sou da época, quando criança, que se assistia a uma figura
extraordinária na tevê, um personagem, que era o Sugismundo, e aí aprendi a
importância de não se colocar lixo no chão, a importância de separar o lixo.
Porque havia, nos anos 70, educação ambiental na tevê, no rádio e nos jornais.
E hoje onde é que ela está? Onde está no Orçamento do Município, de todos os
Governos que se sucederam, verba de educação ambiental para a mídia? Eu não
estou falando em educação ambiental do folder,
do teatro, que são importantes também, falo da educação ambiental na mídia.
Mais: além da
obrigatoriedade da separação de resíduos para as residências, o comércio tem
que separar o lixo, segundo o Código Municipal de Limpeza Urbana. Os clubes têm
que separar o lixo: com coletores - recipientes para lixo seco e lixo orgânico
-, que têm que estar nos clubes, no comércio, inclusive no comércio ambulante.
Isso está expresso no Código Municipal de Limpeza Urbana. Quem é que cumpre
isso? O meu clube não cumpre isso. E o DMLU também não fiscaliza isso, nunca
fiscalizou. Nunca! Nunca usou o instrumento que a sociedade lhe concedeu, o
Código Municipal de Limpeza Urbana. É obrigatória a separação do lixo. Não é
uma faculdade, está aqui na lei. Então, vamos mudar a lei!!
E aí vêm as questões
sociais e econômicas pelo fato de separarmos muito pouco os resíduos na cidade
de Porto Alegre. Vamos aos números. A estimativa é de que apenas 25% dos
porto-alegrenses separam o lixo. Porto Alegre produz, por dia, 1.200 toneladas
de resíduos domésticos. Nesse cálculo não entram o da construção civil, o
comercial e o industrial. Os resíduos domésticos, das residências, são 1.200
toneladas/dia; destas 1.200 toneladas/dia, a estimativa é de que 500 toneladas
seriam de resíduos recicláveis: plástico, metal, vidro e papel. Destes, 250
toneladas/dia são misturadas no lixo comum, aquilo que poderia ser reciclado,
se fosse separado; 250 toneladas vão para o lixo comum, e 100 toneladas vão para
os galpões de triagem, porque são daquele percentual das pessoas que separaram
o resíduo. Então, quem está separando o resíduo está garantindo que o que pode
ser reciclado vá para os galpões de triagem, gerando renda e receita para
pessoas carentes e evitando que vá para o aterro sanitário. O aterro sanitário
custa, para Porto Alegre, mais de 11 milhões de reais por ano. Portanto, quanto
menos resíduo for para o aterro, menos custo terá para o aterro sanitário.
O DMLU gasta, por
dia, o equivalente a 13 mil reais somente para levar as 250 toneladas para o
aterro sanitário, algo que deveria ir para os galpões de triagem, mas que não
vai, porque a maior parte da população porto-alegrense não separa os resíduos.
São 13 mil reais por dia só para levar os resíduos para o aterro. Agora, se
essas 250 toneladas/dia, que não são separadas e que, portanto, vão para o
aterro sanitário, fossem para os galpões, elas seriam triadas, separadas,
prensadas e vendidas para a indústria. Portanto, se todos separassem o resíduo
reciclável, nós teríamos o equivalente a uma soma de 177 mil reais/dia para as
famílias que vivem dos galpões de triagem. E isso geraria mais 2 mil postos de
trabalho, além dos 700 existentes. Somados aos 13 mil reais que vão para o
aterro, pelo fato de não separarmos os resíduos na sua totalidade, apenas 25%,
Porto Alegre perde e gasta por dia 200 mil reais por dia! E deixa de gerar dois
mil novos postos de trabalho para pessoas carentes.
Portanto, digo aos
nossos queridos telespectadores: não basta culpamos a Prefeitura, dizendo que
ela tem que fazer educação ambiental e não faz; que tem que fiscalizar e não
fiscaliza como deveria; quem tem que separar o lixo somos nós, não é o
Congresso Nacional! E, em virtude da nossa não separação de resíduos, colocam-se,
literalmente, no aterro sanitário, 200 mil reais por dia fora, e poderíamos
estar gerando dois mil novos postos de trabalho. Sr. Presidente, isso é grave e
não é novo, nós temos que fazer o nosso dever de casa aqui na Câmara de
Vereadores, nos escritórios, no comércio, no hospital, no clube, na residência,
porque isso é um ato de cidadania, é um ato obrigatório, não pode haver
faculdade para algo que precisa ser feito, todos sabem disso, e existe serviço
para isso. Isso é fundamental.
Seriam essas,
então, Sr. Presidente, as nossas colocações. A Câmara de Vereadores aprovou e
elaborou em 1990 este documento tão importante, o Código Municipal de Limpeza
Urbana. Se nós elaboramos – e eu não era Vereador ainda –, se esta Casa
elaborou e votou, nós temos obrigação de vir aqui, ir à Comissão e exigir do
Poder Público o seu cumprimento, assim como aos demais cidadãos de Porto
Alegre. Obrigado.
(Não revisado
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Está encerrado o Grande
Expediente.
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão. Boa-tarde às Sras
Vereadoras, aos Srs. Vereadores, aos funcionários.
(Encerra-se a
Sessão às 17h11min.)
* * * * *